Vou reiniciar a história. É uma ficção inspirada em fatos reais. Permitirei misturar a realidade vivida com a inventada em benefício da beleza do que tenho para contar:
1.
E a mesma menina que seus olhos haviam rejeitado, cujo o beijo teria recusado anos antes, estava agora deitada em seu tapete. Só continuava menina porque dormia. "Até os criminosos são crianças quando dormem" diria Fernando Pessoa. E sentiu um impulso de guardar aquela cena. O coração concebe milagres. O sono dela o hipnotizava porque agora ela o tinha cativado. Ambos não sabiam como, se ela soubesse o teria feito antes, mas agora dormia e todo sono é carregado de inocência...
Primeiro ele beijou sua face inúmeras vezes, sentiu o cheiro da pele, e nem mesmo os gestos, ainda que carinhosos, conseguiam ser a ela mais sedutores que o sono que a tomava o corpo e a alma. Então ele teve a ideia de filma-la com a máquina fotografica nova, comprada dias antes. Era preciso guardar aquela imagem, fazer daquele sentimento um retrato. Ela dormia e lhe roubava o coração com aquela imagem. De certa forma tambem o ignorava. Talvez, se estivesse acordada, seu olhar não mantivesse a mesma inocência, a inocência de quem dorme. Embora, por um certo aspecto, ela parecesse estar sempre dormindo, porque sonhava de olhos abertos. Era visível que estava sempre sonhando, mesmo acordada.
Depois de quase um minuto com máquina em punho e lente direcionada a ela viu que os olhos cerrados passaram a movimentar-se um pouco. As pálpebras se comprimiram mais bruscamente e vagarosamente ela começou a se movimentar e abriu os olhos. Ouviu primeiro a voz dele, ainda sem vê-lo, e a voz era doce, com riso junto. Voz que a abraçava ternamente. Sentia-se acolhida. Quando viu a máquina riu por dentro. Não porque desejasse ser filmada dormindo mas por entender que somente alguem apaixonado faria isso... Foi então que riu por fora também, baixo, mas suficientemente alto para que ele risse por dentro também, e depois por fora, em risos que se misturaram. Nada pode ser mais promissor para um relacionamento que rir com o outro.
Ja estava tarde. Ela quis assistir ao vídeo ainda na máquina. Se viu pelos olhos dele na tela diminuta e se achou bonita e clara, pequena e pura. Talvez ele achasse isso também, pensou. Ele a achava rara e viva, encantada e real. Alem de acha-la dele, achava que ela era dele. E ela era. Desde que o vira pela primeira vez.
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E a mesma menina que seus olhos haviam rejeitado, cujo o beijo teria recusado anos antes, estava agora deitada em seu tapete. Só continuava menina porque dormia. "Até os criminosos são crianças quando dormem" diria Fernando Pessoa. E sentiu um impulso de guardar aquela cena. O coração concebe milagres. O sono dela o hipnotizava porque agora ela o tinha cativado. Ambos não sabiam como, se ela soubesse o teria feito antes, mas agora dormia e todo sono é carregado de inocência...
Primeiro ele beijou sua face inúmeras vezes, sentiu o cheiro da pele, e nem mesmo os gestos, ainda que carinhosos, conseguiam ser a ela mais sedutores que o sono que a tomava o corpo e a alma. Então ele teve a ideia de filma-la com a máquina fotografica nova, comprada dias antes. Era preciso guardar aquela imagem, fazer daquele sentimento um retrato. Ela dormia e lhe roubava o coração com aquela imagem. De certa forma tambem o ignorava. Talvez, se estivesse acordada, seu olhar não mantivesse a mesma inocência, a inocência de quem dorme. Embora, por um certo aspecto, ela parecesse estar sempre dormindo, porque sonhava de olhos abertos. Era visível que estava sempre sonhando, mesmo acordada.
Depois de quase um minuto com máquina em punho e lente direcionada a ela viu que os olhos cerrados passaram a movimentar-se um pouco. As pálpebras se comprimiram mais bruscamente e vagarosamente ela começou a se movimentar e abriu os olhos. Ouviu primeiro a voz dele, ainda sem vê-lo, e a voz era doce, com riso junto. Voz que a abraçava ternamente. Sentia-se acolhida. Quando viu a máquina riu por dentro. Não porque desejasse ser filmada dormindo mas por entender que somente alguem apaixonado faria isso... Foi então que riu por fora também, baixo, mas suficientemente alto para que ele risse por dentro também, e depois por fora, em risos que se misturaram. Nada pode ser mais promissor para um relacionamento que rir com o outro.
Ja estava tarde. Ela quis assistir ao vídeo ainda na máquina. Se viu pelos olhos dele na tela diminuta e se achou bonita e clara, pequena e pura. Talvez ele achasse isso também, pensou. Ele a achava rara e viva, encantada e real. Alem de acha-la dele, achava que ela era dele. E ela era. Desde que o vira pela primeira vez.
Um comentário:
Aline, tá lindo esse teu começo!
Sonhar...
sempre é emocionante, pelo menos pra mim, escrever, ler sobre os sonhos...
... pra mim são a prova inequívoca de que existe um outro lado, uma outra dimensão, ou força...
to amando!
Continua, garota! beijo grande,
Be.
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