Entrevista com Maurício Manieri
Ontem foi o seguinte. Saímos atrasados de Guarulhos para a entrevista com o Manieri. Fomos em 4 pessoas no carro: o motorista, a produtora do show que ele vai fazer em Guarulhos, o cinegrafista e eu. O endereço era de um restaurante em Santo André. Maurício mora lá. No caminho começou a cair a maior chuva. Chegamos com meia hora de atraso e por sorte ele estava terminando uma outra entrevista. Tinham várias pessoas acompanhando. Todos foram embora e fiquei à vontade em um canto lindo do restaurante (com plantas verdes adornando cadeiras brancas de jardim) para conversar com o cantor. Fiz várias perguntas sobre tudo que tinha pesquisado sobre ele. Foi uma conversa bacana!
Manieri foi professor de música, deu aulas de piano, de canto. Tanto que tive aula de canto com uma de suas alunas. Ele lembrou dela quando comentei, já com a câmera desligada. Perguntou se eu cantava falei que tentei aprender e não consegui. Ri. Perguntei a ele se acreditava que qualquer pessoa poderia cantar através da técnica e ele me respondeu que cantar bem é possível, mas tocar a alma das pessoas é diferente. Conversamos um pouco mais, ele deu autógrafos [Manieri beija o papel após autografá-lo] e de lá voltamos correndo. Pedi para me deixarem no Expo Center Norte onde estava acontecendo o Congresso de Educação. Minha prioridade desde o início era assistir à palestra do meu querido ex-professor (e eterno mestre) Gabriel Chalita. Por conta disso de manhã quase tinha desistido da entrevista que eu queria muito fazer, mas ao mesmo tempo não queria perder a palestra. Cheguei agitada para o credenciamento, do carro já tinha combinado por nextel de encontrar minha irmã na porta e fomos em direção ao auditório. Já se somava mais de uma hora de atraso do horário marcado. Como era um evento de abertura tinham dois palestrantes e o primeiro estava terminando. Fiquei feliz! Tudo tinha dado certo para que eu assistisse o Gabriel desde o início.
Mario Sérgio Cortella, filósofo, estava falando de forma tão brilhante que fiquei encantada. Mesmo Gabriel Chalita, que aguardava à mesa o seu momento fazia anotações e olhava com admiração.
Cortella disse: "Reconhecer as diferenças não significa valorizar a desigualdade". A palestra era sobre Ética e Respeito a Diversidade. Falou sobre a importância do outro, de se renovar através do outro, de reconhecer o outro como "o outro" e não como estranho. Citou Leonardo Boff: "Ponto de vista é a vista a partir de um ponto". Comentou que o arrogante acha que se basta em si mesmo, que não precisa do outro. Neste momento pegou um copo encheu de água e disse: "Quando coloco água no copo, eu aprisiono a água, a água se acomoda no copo. Tem pessoas que se acomodam em si mesmas... Transcender, transbordar o copo, é regar a vida!" Foi lindo!
Adorei também quando ele citou Benajmin Disraeli (Benjamin Disraeli - Wikipédia, a enciclopédia livre): "A vida é muito curta para ser pequena". Citação extraordinária esta! Tem pessoas que "apequenam" a vida. Se a vida é curta é porque ela deve ser grandiosa. Em cada instante.
Afirmou ainda que gente não nasce pronta. Quem nasce pronto é geladeira, mesa, cadeira. Depois vai desgastando. Ser humano nasce "não pronto" [e não se desgasta] vai se fazendo.
Interessante que agora, lendo minhas anotações da palestra do Chalita para encerrar o post leio esta frase: "Literatura é a história dos sentimentos, para fazer literatura é preciso tocar a alma".
Lembrei da minha indagação ao Manieri. Quando era criança eu queria ser cantora. Cheguei a conclusão que me faltava um dom que só um trabalho muito árduo de técnica vocal seria capaz de substituir. Maurício discordou. O trabalho árduo não seria suficiente para compensar uma eventual deficiência em tocar a alma das pessoas. Chalita disse a mesma coisa. Portanto a minha busca continua igual. Troquei a música pelas palavras e continuo aprendiz. Recebo mensagens, afinal foram mensagens o que me disseram.
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