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14 de abr. de 2008

Caso Isabella - De quem é a responsabilidade?

Nem sempre tenho muito a dizer além de contar sobre o meu próprio dia. Os dias passam por um silêncio cortante de uma verdade que se espera ouvir. Isabella tem sido pronunciada, mas não dorme. Em seu leito uma dúvida adormece vívida e insana. Uma dúvida incessante. Quisera a sociedade esta suspeita fosse errante. É que é difícil olhar um assassino sem rosto. Se não tem rosto poderia ter qualquer rosto... Há o desespero de encontrar um único para que não recaia sobre todo e qualquer rosto a imagem de um assassino.

A minha opinião é esta! É assim que enxergo o ser humano. Uma linha tênue separa o criminoso daquele incapaz de cometer um crime. Incapaz até quando?

Vislumbro a humanidade em todas as pessoas e, por mais chocante que seja, eu reluto em me colocar na posição oposta de qualquer ser humano. Sempre penso "poderia ser eu". Não quero achar que sou mais ou superior a alguém. Quero ser real e aceitar essa ausência de bem, ausência* de bondade, como uma ausência que poderia acontecer a qualquer pessoa, inclusive a mim. Não quero me excluir dessa parcela da humanidade que, embora seja uma parcela criminosa, continua fazendo parte dela. Não são animais. São humanos. Como nós, como eu, como todos... A compreensão da humanidade do outro, que se manifesta das mais variadas formas, positiva e negativamente, não é um conformismo, é uma dor, um desconforto em ser semelhante. É uma responsabilidade que carrego por cada crime que acontece, mesmo que eu (ainda) faça parte de uma parcela da humanidade que nunca cometeu um crime.

Jorge Forbes, 56 anos, psicanalista, escreveu um texto que me fez pensar. Foi publicado na Revista da Folha e está disponível no site dele:
http://www.jorgeforbes.com.br/br/contents.asp?s=23&i=115

*Assim como Platão eu não acredito no mal, apenas na ausência do bem.

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