Assisti ontem. Como cinema é belíssimo, inteligente, forte e delicado ao mesmo tempo. Como mensagem traz um olhar diferenciado e uma reflexão pertinente sobre o preconceito.
Ontem durante o lanche na Maria Cereja vi crianças de rua passarem na calçada. Elas também me viram dentro da enorme janela de vidro. Fiz o que sempre faço ao ver qualquer criança, sorri e acenei. Não resisti, joguei beijos. Foi o suficiente para que elas voltassem e se posicionassem sorrindo diante do vidro. Eu, adulta, dentro da redoma. Elas, crianças, expostas fora do vidro. Senti que aquele carinho tão frio, que transmiti à distância, tinha sido para elas raro e único. Nada pude fazer, ou se pude não fiz. Esse limite que desagrega as pessoas parece intransponível, não é só uma vitrine de onde vemos e somos vistos, é uma cortina que estendemos tampando a visão da realidade. As crianças foram gentilmente tiradas de frente da janela pelos seguranças. Correram dando risada como se tudo fosse uma brincadeira. Para elas era, para mim não.
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