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29 de mai. de 2008

Crianças me surpreendem

Crianças me surpreendem sempre. Impressionante!
Meus alunos de 10 anos são ativos, peraltas, especialmente os meninos. Alguns demonstram um pouco menos maturidade que as meninas, o que é natural. Estes tem mais dificuldade de concentração. Por isso é um desafio fazê-los prestar a atenção no que digo.

Criei uma atividade em que cada aluno daria uma nota de comportamento para si mesmo e para cada um dos colegas da sala. Antes eles teriam que apontar os pontos positivos e os pontos a melhorar que justificassem o julgamento. No início aconteceu o óbvio, aqueles que tem mais contato entre si deram notas maiores e entre os que mantinham rixa a nota era inferior. Como mediei a atividade ia questionando se havia motivos efetivos para agirem assim. Até que eles mesmos foram percebendo que alguém (talvez até por descuido) tinha llhes dado uma nota maior que a que eles deram àquela pessoa. Eles pediam para aumentar a nota. A situação foi se repetindo durante a atividade, vários laços de amizade desfeitos em pequenas intrigas infantis foram se refazendo. Aos pouco eles foram descobrindo no outro qualidades que ainda não tinham notado.

É encantador conseguir resgatar nas crianças seus sentimentos mais humanos, mais puros, de amor ao próximo, de compreensão e perdão para com o outro. Tenho presenciado nesta sala o fenômeno da transformação. É difícil e cansativo lidar com eles. Entretanto é mágico vislumbrar que até os mais indisciplinados tem atitudes grandiosas. Mesmo de quem menos esperamos surgem manifestações de integridade, respeito, educação. É que o preconceito nos cega. O padrào é esperar o bom comportamento somente de quem se comporta bem sempre. Sendo que o mau comportamento é, sobretudo, uma reação, um alerta de que algo não vai bem com a criança. Hoje senti profundamente o quanto eles querem ser melhores, basta que digamos como.

Amizade

Também falamos sobre amizade, sobre a capacidade de se colocar no lugar do outro e de entender como ele se sente. Usei a mim mesma como exemplo. Falei sobre como me sinto quando não tenho a atenção deles. Nessas ocasiões sinto que minha aula não é boa o bastante, sinto que não pude acrescentar a eles o quanto deveria ou poderia... Para isso dei como exemplo alguns deles que são realmente mais difíceis e percebi seus rostos enamorados pelo que eu dizia. Eles se importavam com meus sentimentos e saber sobre como me sentia os modificou. Vi, diante de meus olhos algo especial acontecendo àquelas crianças hoje e me orgulhei. Não por ter causado a situação, mas por ter presenciado a maravilha natural que já existe em cada ser. Muito pouco precisa ser feito, eles já são extraordinários por natureza.

2 comentários:

RENATA CORDEIRO disse...

Já não mfoi no meu último post. Agoraa, tome vergonha na cara e vá nos dois. Postei sobre o filme Across The Universe, apareça por lá:
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um beijo,
RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO

carlos miranda (betomelodia) disse...

Oi, Aline. Trabalho com crianças carentes há muitos e muitos anos e elas ralmente nos surpreendem, em todos os sentidos.
beijos em seu coração

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