Philippe Grimbert é um psicanalista francês autor de um romance que recentemente estava em cartaz no cinema. Eu não li o romance (ainda), nem assisti ao filme mas me interessei por assistir uma videoconferência com tradução simultânea em que pude conhecer um pouco da obra dele e especialmente deste romance "Um segredo de família".
A história autobiográfica trata do conflito e sofrimento pelo qual é submetida uma criança que tem um amigo imaginário. Em algum momento há a descoberta de que esse amigo existiu, foi seu próprio irmão desaparecido, do qual os pais escondiam a existência.
Grimbert falou que o segredo é sempre gerado por sentimentos humanos como vergonha, culpabilidade. São os sentimentos que estão na origem de um segredo. A falta de curiosidade de uma criança perante um segredo de família é como uma prova de amor aos seus pais. O ponto-chave deste acontecimento é que muitas vezes a criança repete o comportamento daquele que se oculta, mesmo sem saber conscientemente de sua existência. Clinicamente Grimbert tratou o caso de um menino delinquente que estava repetindo o comportamento de um avô que tinha sido preso no passado. Por vergonha a família sempre escondeu esse fato, era um assunto que não se comunicava em casa, só que por algum motivo o neto captou de maneira inconsciente aquele conduta que tanto se queria esquecer e a estava repetindo em sua própria vida.
"O trauma seduz as vítimas ao silêncio". (Philippe Grimbert)
Vou colocar abaixo algumas observações pertinentes da conversa com Philippe Grimbert:
*Por sentir-se culpada, por vergonha ou por medo de que não acreditem, a vítima de um trauma pode acolher-se no silêncio. É muito comum que crianças que sofrem abusos incestuosos sejam desacreditadas.
*Determinações inconscientes agem de maneira tão forte e profunda sobre a vida das pessoas que chegam a ser mais importantes que as determinações conscientes. As inconscientes podem dominar uma vida toda sem que se tenha controle sobre elas. Como acontecem com pessoas que dizem: "acabo me relacionando sempre com homens violentos" ou "todas as mulheres que me relacionei foram infiéis". Ainda que a determinação consciente seja "quero um relacionamento saudável e feliz" o inconsciente exerce uma força poderosa capaz de anulara influência consciente.
*A primeira prerrogativa para fugir da prisão que se torna a repetição de um comportamento inconsciente é questionar-se a respeito dele. Questionar é o primeiro passo para quebrar a repetição. "Por que repito o mesmo comportamento que me leva ao mesmo fim indesejado? Onde está a origem desta repetição?"
"Se não houvesse linguagem não haveria inconsciente". (Lacan)
*O inconsciente é objeto de estudo da ciência psicanálise. Lacan teve a genialidade de encontrar na linguagem mecanismos de funcionamento do inconsciente.
*Freud chamava o inconsciente de "armário".
"É importante ouvir a pergunta das crianças". (Philippe Grimbert)
*Em francês há uma expressão que pode ser traduzida literalmente para o português como "jardim secreto". Jardim secreto representa áreas de júbilo e prazer que são positivas no inconciente e que não precisam ser divididas com mais ninguém. Esta seria um aspecto positivo de um segredo, não é um peso. Há uma levez em se manter o próprio jardim secreto.
*Vivemos uma época em que tudo é dividido com as crianças. Este também não é o ideal, embora seja melhor que uma mentira. As crianças podem ser preservadas - assim como os adultos também podem se preservar daquilo que não querem contar - sem que se use mentira. É possível dizer para uma criança: "Eu não posso te falar porque seria muito doloroso para mim". Esta é uma sinceridade que permite a criança libertar-se do sofrimento de um segredo que lhe é velado, por exemplo.
*A diferença entre segredo e privacidade é que a privacidade não está no âmbito de uma informação que pode machucar alguém.
*Um diário pode ser um jardim secreto onde se compartilha consigo mesmo histórias e pensamentos íntimos e particulares.
*Às vezes se pensa que a revelação de um segredo de família para uma criança pode provocar mal quando na verdade acontece o contrário.
Philippe Grimbert publicou outros trabalhos na França. Entre eles um ensaio sobre a canção. Contou que até mesmo de dentro da barriga os humanos ouvem músicas. Há a melodia da voz da mãe, há o ritmo marcado pelas batidas do coração e até o baixo da voz do pai. A música é uma função psíquica. Grimbert teve a curiosidade de pesquisar o mecanismo que faz com que algumas canções atuem sobre o inconsciente de várias pessoas causando o sucesso.
Outro livro dele faz alusão à expressão "onde há fumaça, há fogo", chama-se: "Onde há fumaça, há Freud". É um livro sobre o cigarro que, para ele, é um substituto do bichinho de pelúcia que uma criança usa. Freud só conseguia escrever fumando nem por isso se atentou na análise desse comportamente de dependência.
Por último falou de um livro em que conta história de um homem que desenvolve uma compulsão pela compra de vestidos brancos de criança e isso vai se tornando drástico para o seu casamento.
A história autobiográfica trata do conflito e sofrimento pelo qual é submetida uma criança que tem um amigo imaginário. Em algum momento há a descoberta de que esse amigo existiu, foi seu próprio irmão desaparecido, do qual os pais escondiam a existência.
Grimbert falou que o segredo é sempre gerado por sentimentos humanos como vergonha, culpabilidade. São os sentimentos que estão na origem de um segredo. A falta de curiosidade de uma criança perante um segredo de família é como uma prova de amor aos seus pais. O ponto-chave deste acontecimento é que muitas vezes a criança repete o comportamento daquele que se oculta, mesmo sem saber conscientemente de sua existência. Clinicamente Grimbert tratou o caso de um menino delinquente que estava repetindo o comportamento de um avô que tinha sido preso no passado. Por vergonha a família sempre escondeu esse fato, era um assunto que não se comunicava em casa, só que por algum motivo o neto captou de maneira inconsciente aquele conduta que tanto se queria esquecer e a estava repetindo em sua própria vida.
"O trauma seduz as vítimas ao silêncio". (Philippe Grimbert)
Vou colocar abaixo algumas observações pertinentes da conversa com Philippe Grimbert:
*Por sentir-se culpada, por vergonha ou por medo de que não acreditem, a vítima de um trauma pode acolher-se no silêncio. É muito comum que crianças que sofrem abusos incestuosos sejam desacreditadas.
*Determinações inconscientes agem de maneira tão forte e profunda sobre a vida das pessoas que chegam a ser mais importantes que as determinações conscientes. As inconscientes podem dominar uma vida toda sem que se tenha controle sobre elas. Como acontecem com pessoas que dizem: "acabo me relacionando sempre com homens violentos" ou "todas as mulheres que me relacionei foram infiéis". Ainda que a determinação consciente seja "quero um relacionamento saudável e feliz" o inconsciente exerce uma força poderosa capaz de anulara influência consciente.
*A primeira prerrogativa para fugir da prisão que se torna a repetição de um comportamento inconsciente é questionar-se a respeito dele. Questionar é o primeiro passo para quebrar a repetição. "Por que repito o mesmo comportamento que me leva ao mesmo fim indesejado? Onde está a origem desta repetição?"
"Se não houvesse linguagem não haveria inconsciente". (Lacan)
*O inconsciente é objeto de estudo da ciência psicanálise. Lacan teve a genialidade de encontrar na linguagem mecanismos de funcionamento do inconsciente.
*Freud chamava o inconsciente de "armário".
"É importante ouvir a pergunta das crianças". (Philippe Grimbert)
*Em francês há uma expressão que pode ser traduzida literalmente para o português como "jardim secreto". Jardim secreto representa áreas de júbilo e prazer que são positivas no inconciente e que não precisam ser divididas com mais ninguém. Esta seria um aspecto positivo de um segredo, não é um peso. Há uma levez em se manter o próprio jardim secreto.
*Vivemos uma época em que tudo é dividido com as crianças. Este também não é o ideal, embora seja melhor que uma mentira. As crianças podem ser preservadas - assim como os adultos também podem se preservar daquilo que não querem contar - sem que se use mentira. É possível dizer para uma criança: "Eu não posso te falar porque seria muito doloroso para mim". Esta é uma sinceridade que permite a criança libertar-se do sofrimento de um segredo que lhe é velado, por exemplo.
*A diferença entre segredo e privacidade é que a privacidade não está no âmbito de uma informação que pode machucar alguém.
*Um diário pode ser um jardim secreto onde se compartilha consigo mesmo histórias e pensamentos íntimos e particulares.
*Às vezes se pensa que a revelação de um segredo de família para uma criança pode provocar mal quando na verdade acontece o contrário.
Philippe Grimbert publicou outros trabalhos na França. Entre eles um ensaio sobre a canção. Contou que até mesmo de dentro da barriga os humanos ouvem músicas. Há a melodia da voz da mãe, há o ritmo marcado pelas batidas do coração e até o baixo da voz do pai. A música é uma função psíquica. Grimbert teve a curiosidade de pesquisar o mecanismo que faz com que algumas canções atuem sobre o inconsciente de várias pessoas causando o sucesso.
Outro livro dele faz alusão à expressão "onde há fumaça, há fogo", chama-se: "Onde há fumaça, há Freud". É um livro sobre o cigarro que, para ele, é um substituto do bichinho de pelúcia que uma criança usa. Freud só conseguia escrever fumando nem por isso se atentou na análise desse comportamente de dependência.
Por último falou de um livro em que conta história de um homem que desenvolve uma compulsão pela compra de vestidos brancos de criança e isso vai se tornando drástico para o seu casamento.
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