Se esta é a sua primeira vez neste blog leia na coluna da direita as instruções!

29 de jun. de 2012

Esquecimento

É preciso esquecer para a mente ficar livre
Para enxergar o novo.

É preciso esquecer de si
Para lembrar-se de si.

28 de jun. de 2012

Dor

Sofro de uma insegurança desmedida,
Complexo, medo... De ser menor do que sonho,
Do meu texto ser medonho,
Ou sem sentimento.

Fico pensando que não escrevo pra dentro,
Que penso demais no olhar de fora
E que quem olha demais para fora jamais se conhece ou se engrandece.

Fico pequena e só.
Do meu fracasso sinto dó e quase nenhuma vontade de mudar...

Vou tentar transformar a dó de mim em dor, e depois em fim,
Para poder recomeçar.

Acho que na dor encontrarei força.

Pequena

Na palavra "menino" eu me apequeno, mas na palavra "menininho" eu me apequeno mais ainda.

Na pequenice da "criancitude" da vida sou pequena,
Mas quando sou pequena, por ser-me inteira, sou maior.

Meditação

Eu tinha um órgão por dentro que parou de funcionar.

Eu fiz mexer tanta coisa pra não reparar.

Nada me fez sair do lugar.

Eu parei, como quem respira, de olhos fechados, o ar.

Então, em silêncio, parada, o órgão voltou a funcionar.

Aí eu saí do lugar.

Época

Existe uma época do mundo e da vida, um tempo de ser feliz.
Só que parece que nunca chega.
Talvez já tenha chegado, talvez já tenha passado, talvez esteja por vir.

Primeiro livro

Escrevi um livro, mas de que me serve?
São palavras que ninguém quer ler.
Por isso ele me serve.
Ele serve a mim, cabe a mim, escrito por mim.

Escrevi essa história com dedos,
Expus meus dias, nus, em pelo...
Pelos pelos saíram de mim todas as palavras.
Exceto as que ficaram grudadas em mim,
Todas as outras grudaram no papel,
Ali ficarão sem vida, embora contem a minha.


26 de jun. de 2012

Sem nome

Eu pretendia continuar contando sobre Paris.
Acabou não acontecendo.
Acho que o que escrevi já foi o bastante para expressar meu deslumbramento.

Desde que parei de escrever aqui eu me transformei em uma outra pessoa.

Quem quiser conhecer o que eu era, ou o que me tornei, há de ler minhas palavras para saber.

O que sou e sinto não tem nome.

Mesmo assim chamam-me Aline.

19 de mai. de 2012

Paris

Eu tinha parado de escrever aqui. Não, não estou necessariamente voltando. Apenas fazendo uma breve visita. Nunca se sabe se as visitas são longas, ou curtas, depende de quanto gostamos dela. Então essa brevidade a que me refiro pode alongar-se ou diminuir-se...

Abri a exceção porque estou impactada. Estou em pleno momento de deslumbramento diante de um fato novo, embora simples e corriqueiro para muita gente, que surgiu em minha vida: uma viagem a Paris.

Esta é minha primeira vez na Europa, às vezes me pergunto se todo o continente é belo e intenso desse jeito ou se é só esta cidade que está se manifestando assim sobre mim. Pergunto-me também por que não estive aqui antes, que circunstâncias da vida não me trouxeram para cá? Mas cá estou agora. Cabe dizer que Paris nunca foi a cidade dos meus sonhos, não criei com ela laços afetivos desde antes, não fiz planos de conhecê-la durante a vida. Tenho, sim, uma outra cidade européia para a qual minha alma, pés, corpo e coração sempre desejaram ir. Continuo desejando-a: Veneza... Entretanto Paris, não. Esta visita só aconteceu primeiro por conta de uma oportunidade que surgiu e agora que estou aqui Paris está perfurando meu coração, rasgando minhas veias de amor, de tanto amor que jorram de meu poros o sangue que quer tingir seus edíficios e adormecer escoado no rio Sena. Assim seria minha conjunção carnal com a cidade. Sofro do desejo de misturar-me aos seus becos, às suas riquezas, às suas belezas, aos seus museus e jardins. À sua língua, ao seu sotaque, a velhice de suas praças, ruas e prédios e à meninice de seu ar e de suas flores. Quero ainda preencher os vazios de sua torre de ferro e alcançar sua maior altura. Anseio enlaçar-me aos traços de suas esculturas como um líquido que assume a forma daquilo que molha...

Cheguei em Paris em um segunda-feira de maio(14), noite fria de primavera. No aeroporto fomos recebidas (eu e minha irmã) por um africano que nos abordou sugerindo um valor inferior ao de um taxi para o traslado ao hotel. Só depois de aceitar é que entendi que ele não era um taxista oficial e senti um calafrio de ter feito uma escolha duvidosa. Mas a viagem correu bem, conversamos pelo caminho, ele muito sorridente e simpático, porém mesmo de GPS errou o caminho do hotel por poucas quadras, demos uma pequena volta em alguns quarteirões e quase senti dó por ele estar gastando mais gasolina, já que tinha fechado um valor. Fomos recebidas por um recepcionista que falava português. Começamos bem! (continua)

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