Encontrei esse escrito perdido em meus e-mails:
>Eu me disperso com meu verso,
>E retribuo dizendo o inverso,
>E te desprezo mas não peço
>Esse recesso do teu amor.
>
>Eu me despeço desse verso
>E nem mais rezo ou sinto dor
>É na loucura, tão sem cura
>É pela inocente tão carente
>Que seja fria, dura, quente, o que for
>é com essa lágrima doída da vida
>que de minha poesia está imbuída
>que no meu texto enxergo contida
>O que se contempla sem louvor...
>
>É no caminho regresso do antes
>Na alvorada repleta de flor
>Que cabe o sopro vácuo do instante
>E a primeira mólecula preenchida de amor
>
>E depois, e depois, do ontem
>e dentro do perto, e fora do tempo
>E também no deserto
>E também no incerto,
>No incompleto, no ereto,
>No que é cedo,
>no que é tarde,
>No que é medo,
>no que é covarde.
>E também no desespero
>e no riso
>E no que é implícito, ou lícito
>Explícito ou ilícito
>Em cada indício
>Nos finais e nos inícios
>Nas palavras banais
>E nos poemas de Vinicius
>Nos sempres, nos jamais,
>Nos ventres viscerais,
>nos textos esdruxulos
>nos canaviais,
>nas teias de aranha,
>Por dentro das entranhas
>E enquanto "me-amanha-mas"
>Me ama no hoje, no ontem,
>no amanhã, nas camas
>Teu olhar me estranha
>Teu cheiro me ganha
>Enquantos reclamas
>Meu corpo em chamas clama
>Te chama
>É como minha gana
>Me deixando insana e só,
>sozinha como secura no oásis
>água no deserto
>como acento crase
>Como um sangue que vaze
>Como brisa que arrase
>sem cor.
>E na esquina da floresta
>quando, parece, nada resta
>toma corpo o meu regresso
>Nos caminhos das linhas
>em que escrevi o que finda agora
>Tudo começou com um verso!
>
>(22:28 - 10/08/2005)
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