Acabei de encontrar um vídeo de uma entrevista do ano passado. Como sou "exibida"compartilho com você:
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Se esta é a sua primeira vez neste blog leia na coluna da direita as instruções!
29 de abr. de 2009
Sentimento
Se silencio as palavras é porque o sentimento está cantando...
Algumas melodias não se escrevem em palavras.
Algumas melodias não se escrevem em palavras.
28 de abr. de 2009
Porque era cedo
É tão cedo e eu já tenho o que dizer-te:
Que meu coração carrega um buquê de sentimento para ofertar-te...
É tão cedo ainda que a pele sinta ser tarde
E se exceda no desejo de amar-te a carne
É tão leviano que o amor teme não fincar raízes
Porque na penumbra do medo se esconde um futuro incerto.
Nunca o amanhã é sabido.
Por isso vivamos o hoje como se fosse o sempre.
Vivamos o agora como se eterno fosse.
Porque hei de beijar na sua alma a fronte
E guardar em meu peito nosso amanhã imaculado
E se abrirá diante de nós o horizonte
Que por anos dentro de mim ficou guardado.
Aline Ahmad***
Que meu coração carrega um buquê de sentimento para ofertar-te...
É tão cedo ainda que a pele sinta ser tarde
E se exceda no desejo de amar-te a carne
É tão leviano que o amor teme não fincar raízes
Porque na penumbra do medo se esconde um futuro incerto.
Nunca o amanhã é sabido.
Por isso vivamos o hoje como se fosse o sempre.
Vivamos o agora como se eterno fosse.
Porque hei de beijar na sua alma a fronte
E guardar em meu peito nosso amanhã imaculado
E se abrirá diante de nós o horizonte
Que por anos dentro de mim ficou guardado.
Aline Ahmad***
27 de abr. de 2009
Vida breve
A gente precisa crescer, a gente precisa ser mais sempre.
Para fazer caber nos dias o que a gente é por dentro.
Nem sempre cabe. Às vezes as horas são poucas. O sentimento é vasto. A vida é breve...
Nem sempre cabe.
Para caber tem que sentir mais, tem que expressar mais, tem que se viver mais. Cada dia mais. Hoje mais que ontem.
Para fazer caber nos dias o que a gente é por dentro.
Nem sempre cabe. Às vezes as horas são poucas. O sentimento é vasto. A vida é breve...
Nem sempre cabe.
Para caber tem que sentir mais, tem que expressar mais, tem que se viver mais. Cada dia mais. Hoje mais que ontem.
24 de abr. de 2009
O que virá
A cada dia eu acordo diferente...
Os dias tem sido para mim horas independentes
De compromissos distintos
Cada horário marcado
Uma emoção nova floresce
Mordo os frutos nascentes, são todos doces!
Meu sentimento ainda em processo é doce.
Minha descoberta ainda enigmática é clara!
Somente uma penumbra me separa do futuro
Mas já o vejo, brilhante, dentro de mim
E de mim adiante.
Um respirar inédito
Promessa encantadora
Vem me trazer sorrisos
Ainda mais risonhos
Que os que sempre estiveram em meus lábios
O coração está pronto
Para o pulsar de uma nova era
Está inteiro, completo, pleno
O amanhã virá ereto
Sem as curvas da espera
E trará um presente vivo e sereno.
Já o sinto chegar!
Os dias tem sido para mim horas independentes
De compromissos distintos
Cada horário marcado
Uma emoção nova floresce
Mordo os frutos nascentes, são todos doces!
Meu sentimento ainda em processo é doce.
Minha descoberta ainda enigmática é clara!
Somente uma penumbra me separa do futuro
Mas já o vejo, brilhante, dentro de mim
E de mim adiante.
Um respirar inédito
Promessa encantadora
Vem me trazer sorrisos
Ainda mais risonhos
Que os que sempre estiveram em meus lábios
O coração está pronto
Para o pulsar de uma nova era
Está inteiro, completo, pleno
O amanhã virá ereto
Sem as curvas da espera
E trará um presente vivo e sereno.
Já o sinto chegar!
23 de abr. de 2009
O amor acaba - Paulo Mendes Campos
Adoro essa crônica de Paulo Mandes Campos.
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1999, pág. 21, organização e apresentação de Flávio Pinheiro.
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1999, pág. 21, organização e apresentação de Flávio Pinheiro.
Recomeçar
Eu te envio recados por telepatia
Eu escrevo em códigos o que não diria
Nem olhando em seus olhos.
Eu guardo segredos
Que não ousaria
Revelar, mesmo sem medo.
Sei que o momento que se aproxima
É uma decisão que não termina
No fim, o que acaba,
Acaba para recomeçar.
Eu escrevo em códigos o que não diria
Nem olhando em seus olhos.
Eu guardo segredos
Que não ousaria
Revelar, mesmo sem medo.
Sei que o momento que se aproxima
É uma decisão que não termina
No fim, o que acaba,
Acaba para recomeçar.
Sombra do que acontece
Depois de 73 minutos ao telefone em que nada ficou decidido, as dúvidas continuam. Mesmo assim a claridade chega mais e mais.
Saudade do que não há...
Sinto saudade...
De um tempo ainda não vivido,
Do sorriso não dado,
Do abraço não recebido.
Sinto saudade...
De uma história ainda não contada,
Do sonho não realizado,
Do perfume não exalado.
Sinto saudade...
E talvez esta saudade do que não existe
Seja apenas uma forma de vontade
De um futuro que há de chegar.
De um tempo ainda não vivido,
Do sorriso não dado,
Do abraço não recebido.
Sinto saudade...
De uma história ainda não contada,
Do sonho não realizado,
Do perfume não exalado.
Sinto saudade...
E talvez esta saudade do que não existe
Seja apenas uma forma de vontade
De um futuro que há de chegar.
Debaixo d'água - Maria Bethânia/ Agora - Arnaldo Antunes
Ainda não conhecia esta música e o que achei mais interessante é a letra. Primeiro fala sobre a criança debaixo d'água, que ainda não nasceu, depois há o poema "Agora" que descreve a vida ao contrário, a partir da morte até antes do nascimento. Especial!
22 de abr. de 2009
O rouxinol e a rosa - Oscar Wilde
Na faculdade, isso já faz 10 anos, no mínimo tive um professor por quem fui apaixonada. Eu que nem era tão boa aluna nesta época passei a me dedicar e tirar dez em todas as provas de sua disciplina. Na verdade o estudo tinha se tornado mais interessante por conta de um interesse meu por ele, e por tudo que dizia. Ele era jovem, se me recordo bem, tinha apenas 26 anos. Eu admirava sua inteligência, sua cultura. Não encontrava beleza nos traços de seu rosto mas tudo que dizia estava repleto dela. Uma vez usou como alegoria da aula este conto de Oscar Wilde, que quero compartilhar com você:
O rouxinol e a rosa
_ Ela disse que dançaria comigo se eu lhe levasse rosas vermelhas – exclamou o Estudante – mas estamos no inverno e não há uma única rosa no jardim...
Por entre as folhas, do seu ninho, no carvalho, o Rouxinol o ouviu e, vendo-o ficou admirado...
_ Não há nenhuma rosa vermelha no jardim! – disse o Estudante, com os olhos cheios de lágrimas. – Ah! Como a nossa felicidade depende de pequeninas coisas! Já li tudo quanto os sábios escreveram. A filosofia não tem segredos para mim e, contudo, a falta de uma rosa vermelha é a desgraça da minha vida.
Eis, afinal, um verdadeiro apaixonado! – disse o Rouxinol. Tenho cantado o Amor noite após noite, sem conhecê-lo no entanto; noite após noite falei dele às estrelas, e agora o vejo... O cabelo é negro como a flor do jacinto e os lábios vermelhos como a rosa que deseja; mas o amor pôs-lhe na face a palidez do marfim e o sofrimento marcou-lhe a fronte.
_ Amanhã à noite o Príncipe dá um baile, murmurou o Estudante, e a minha amada se encontrará entre os convidados. Se levar uma rosa vermelha, dançará comigo até a madrugada. Somente se lhe levar uma rosa vermelha... Ah... Como queria tê-la em meus braços, sentir-lhe a cabeça no meu ombro e a sua mão presa a minha. Não há rosa vermelha em meu jardim... e ficarei só; ela apenas passará por mim... Passará por mim... e meu coração se despedaçará.
_ Eis um verdadeiro apaixonado... – pensou o Rouxinol. – Do que eu canto, ele sofre. O que é dor para ele é alegria para mim. Grande maravilha, na verdade, é o Amar! Mais precioso que esmeraldas e mais caro que opalas finas. Pérolas e granada não podem comprá-lo, nem se oferece nos mercados. Mercadores não o vendem, nem o conferem em balanças a peso de ouro.
_ Os músicos da galeria – prosseguiu o Estudante – tocarão nos seus instrumentos de corda e, ao som de harpas e violinos, minha amada dançará. Dançará tão leve, tão ágil, que seus pés mal tocarão o assoalho e os cortesãos, com suas roupas de cores vivas, reunir-se-ão em torno dela. Mas comigo não bailará, porque não tenho uma rosa vermelha para dar-lhe... – e atirando-se à relva, ocultou nas mãos o rosto e chorou.
_ Por que está chorando? – perguntou um pequeno lagarto ao passar por ele, correndo, de rabinho levantado.
_ É mesmo! Por que será? – Indagou uma borboleta que perseguia um raio de sol.
_ Por quê? – sussurrou uma linda margarida à sua vizinha.
_ Chora por causa de uma rosa vermelha, - informou o Rouxinol.
_ Por causa de uma rosa vermelha? – exclamaram – Que coisa ridícula! E o lagarto, que era um tanto irônico, riu à vontade.
Mas o Rouxinol compreendeu a angústia do Estudante e, silencioso, no carvalho, pôs-se a meditar sobre o mistério do Amor.
Subitamente, abriu as asas pardas e voou.
Cortou, como uma sombra, a alameda, e como uma sombra, atravessou o jardim.
Ao centro do relvado, erguia-se uma roseira. Ele a viu. Voou para ela e posou num galho.
_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu – e eu cantarei para ti a minha mais bela canção!
_ Minhas rosas são brancas; tão brancas quanto a espuma do mar, mais brancas que a neve das montanhas. Procura minha irmã, a que enlaça o velho relógio-de-sol. Talvez te ceda o que desejas.
Então o Rouxinol voou para a roseira, que enlaçava o velho relógio-de-sol.
_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu – e eu te cantarei minha canção mais linda.
A roseira sacudiu-se levemente.
_ Minhas rosas são amarelas como as cabelos dourados das donzelas, ainda mais amarelas que o trigo que cobre os campos antes da chegada de quem o vai ceifar. Procura a minha irmã, a que vive sob a janela do Estudante. Talvez ela possa te possa ajudar.
O Rouxinol então, dirigiu o vôo para a roseira que crescia sob a janela do Estudante.
_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu - e eu te cantarei a mais linda de minhas canções.
A roseira sacudiu-se levemente.
_ Minhas rosas são vermelhas, tão vermelhas quanto os pés das pombas, mais vermelhas que os grandes leques de coral que oscilam nos abismos profundos do oceano. Contudo, o inverno regelou-me até as veias, a geada queimou-me os botões e a tempestade quebrou-me os galhos. Não darei rosas este ano.
_ Eu só quero uma rosa vermelha, repetiu o Rouxinol, - uma só rosa vermelha. Não haverá meio de obtê-la?
_ Há, respondeu a Roseira, mas é meio tão terrível que não ouso revelar-te.
_ Dize. Não tenho medo.
_ Se queres uma rosa vermelha, explicou a roseira, hás de fazê-la de música, ao luar, tingi-la com o sangue de teu coração. Tens de cantar para mim com o peito junto a um espinho. Cantarás toda a noite para mim e o espinho deve ferir teu coração e teu sangue de vida deve infiltrar-se em minhas veias e tornar-se meu.
_ A morte é um preço exagerado para uma rosa vermelha – exclamou o Rouxinol – e a Vida é preciosa... É tão bom voar, através da mata verde e contemplar o sol em seu esplendor dourado e a lua em seu carro de pérola...O aroma do espinheiro é suave, e suaves são as campânulas ocultas no vale, e as urzes tremulantes na colina. Mas o Amor é melhor que a Vida. E que vale o coração de um pássaro comparado ao coração de um homem?
Abriu as asas pardas para o vôo e ergueu-se no ar. Passou pelo jardim como uma sombra e, como uma sombra, atravessou a alameda.
O Estudante estava deitado na relva, no mesmo ponto em que o deixara, com os lindos olhos inundados de lágrimas.
_ Rejubila-te – gritou-lhe o Rouxinol – Rejubila-te; terás a tua rosa vermelha. Vou fazê-la de música, ao luar. O sangue de meu coração a tingirá. Em conseqüência só te peço que sejas sempre verdadeiro amante, porque o Amor é mais sábio do que a Filosofia; mais poderoso que o poder.. Tem as asas da cor da chama e da cor da chama tem o corpo. Há doçura de mel em seus braços e seu hálito lembra o incenso.
O Estudante ergueu a cabeça e escutou. Nada pode entender, porém, do que dizia o Rouxinol, pois sabia apenas o que está escrito nos livros.
Mas o Carvalho entendeu e ficou melancólico, porque amava muito o pássaro que construíra ninho em seus ramos.
_ Canta-me um derradeiro canto – segredou-lhe – sentir-me-ei tão só depois da tua partida.
Então o Rouxinol cantou para o Carvalho, e sua voz fazia lembrar a água a borbulhar de uma jarra de prata.
Quando o canto finalizou, o Estudante levantou-se, tirando do bolso um caderninho de notas e um lápis.
_ Tem classe, não se pode negar – disse consigo – atravessando a alameda. Mas terá sentimento? Não creio. É igual a maioria dos artistas. Só estilo, sinceridade nenhuma. Incapaz de sacrificar-se por outrem. Só pensa e cantar e bem sabemos quanto a Arte é egoísta. No entanto, é forçoso confessar, possui maravilhosas notas na voz. Que pena não terem significação alguma, nem realizarem nada realmente bom!
Foi para o quarto, deitou-se e, pensando na amada, adormeceu.
Quando a lua refulgia no céu, o Rouxinol voou para a Roseira e apoiou o peito contra o espinho. Cantou a noite inteira e o espinho mais e mais foi se enterrando em seu peito, e o sangue de sua vida lentamente se escoou...
Primeiro descreveu o nascimento do amor no coração de um menino e uma menina; e, no mais alto galho da Roseira, uma flor desabrochou, extraordinária, pétala por pétala, acompanhando um canto e outro canto. Era pálida, a princípio, qual a névoa que esconde o rio, pálida qual os pés da manhã e as asas da alvorada. Como sombra de rosa num espelho de prata, como sombra de rosa em água de lagoa era a rosa que apareceu no mais alto galho da Roseira.
Mas a Roseira pediu ao Rouxinol que se unisse mais ao espinho. – Mais ainda, Rouxinol, - exigiu a Roseira, - senão o dia raia antes que eu acabe a rosa.
O Rouxinol então apertou ainda mais o espinho junto ao peito, e cada vez mais profundo lhe saía o canto porque ele cantava o nascer da paixão na alma do homem e da mulher.
E tênue nuance rosa nacarou as pétalas, igual ao rubor que invade a face do noivo quando beija a noiva nos lábios.
Mas o espinho não lhe alcançava ainda o coração e o coração da flor continuava branco – pois somente o coração de um Rouxinol pode avermelhar o coração de rosa.
_ Mais ainda, Rouxinol, - clamou a Roseira – raiar o dia antes que eu finalize a rosa.
E o Rouxinol, desesperado, calcou-se mais forte no espinho, e o espinho lhe feriu o coração, e uma punhalada de dor o traspassou.
Amarga, amarga lhe foi a angústia e cada vez mais fremente foi o canto, porque ele cantava o amor que a morte aperfeiçoa, o amor que não morre nem no túmulo.
E a rosa maravilhosa tornou-se purpurina como a rosa do céu oriental. Suas pétalas ficaram rubras e, vermelho como um rubi, seu coração.
Mas a voz do Rouxinol se foi enfraquecendo, as pequeninas asas começaram a estremecer e uma névoa cobriu-lhe o olhar, o canto tornou-se débil e ele sentiu qualquer coisa apertar-lhe a garganta.
Então, arrancou do peito o derradeiro grito musical.
Ouviu-o a lua branca, esqueceu-se da Aurora e permaneceu no céu.
A rosa vermelha o ouviu, e trêmula de emoção, abriu-se à aragem fria da manhã. Transportou-o o Eco, à sua caverna purpurina, nos montes, despertando os pastores de seus sonhos. E ele levou-os através dos caniços dos rios e eles transmitiram sua mensagem ao mar.
_ Olha! Olha! Exclamou a Roseira. – A rosa está pronta, agora.
Ao meio dia o Estudante abriu a janela e olhou.
_ Que sorte! – disse – Uma rosa vermelha! Nunca vi rosa igual em toda a minha vida. É tão linda que tem certamente um nome complicado em latim. E curvou-se para colhê-la.
Depois, pondo o chapéu, correu à casa do professor.
_ Disseste que dançarias comigo se eu te trouxesse uma rosa vermelha, - lembrou o Estudante. – Aqui tens a rosa mais linda e vermelha de todo o mundo. Hás de usá-la, hoje a noite, sobre ao coração, e quando dançarmos juntos ela te dirá o quanto te amo.
A moça franziu a testa.
_ Esta rosa não combina com o meu vestido, disse. Ademais, o Capitão da Guarda mandou-me jóias verdadeiras, e jóias, todos sabem, custam muito mais do que flores...
_ És muito ingrata! – exclamou o Estudante, zangado. E atirou a rosa a sarjeta, onde a roda de um carro a esmagou.
_ Sou ingrata? E o senhor não passa de um grosseirão. E, afinal de contas, quem és? Um simples estudante... não acredito que tenhas fivelas de prata, nos sapatos, como as tem o Capitão da Guarda... – e a moça levantou-se e entrou em casa.
_ Que coisa imbecil, o Amor! – Resmungou o estudante, afastando-se. – Nem vale a utilidade da Lógica, porque não prova nada, está sempre prometendo o que não cumpre e fazendo acreditar em mentiras. Nada tem de prático e como neste século o que vale é a prática, volto à Filosofia e vou estudar metafísica.
Retornou ao quarto, tirou da estante um livro empoeirado e pôs-se a ler...
Versão em português: Lázaro Curvêlo Chaves - julho de 2005
O rouxinol e a rosa
_ Ela disse que dançaria comigo se eu lhe levasse rosas vermelhas – exclamou o Estudante – mas estamos no inverno e não há uma única rosa no jardim...
Por entre as folhas, do seu ninho, no carvalho, o Rouxinol o ouviu e, vendo-o ficou admirado...
_ Não há nenhuma rosa vermelha no jardim! – disse o Estudante, com os olhos cheios de lágrimas. – Ah! Como a nossa felicidade depende de pequeninas coisas! Já li tudo quanto os sábios escreveram. A filosofia não tem segredos para mim e, contudo, a falta de uma rosa vermelha é a desgraça da minha vida.
Eis, afinal, um verdadeiro apaixonado! – disse o Rouxinol. Tenho cantado o Amor noite após noite, sem conhecê-lo no entanto; noite após noite falei dele às estrelas, e agora o vejo... O cabelo é negro como a flor do jacinto e os lábios vermelhos como a rosa que deseja; mas o amor pôs-lhe na face a palidez do marfim e o sofrimento marcou-lhe a fronte.
_ Amanhã à noite o Príncipe dá um baile, murmurou o Estudante, e a minha amada se encontrará entre os convidados. Se levar uma rosa vermelha, dançará comigo até a madrugada. Somente se lhe levar uma rosa vermelha... Ah... Como queria tê-la em meus braços, sentir-lhe a cabeça no meu ombro e a sua mão presa a minha. Não há rosa vermelha em meu jardim... e ficarei só; ela apenas passará por mim... Passará por mim... e meu coração se despedaçará.
_ Eis um verdadeiro apaixonado... – pensou o Rouxinol. – Do que eu canto, ele sofre. O que é dor para ele é alegria para mim. Grande maravilha, na verdade, é o Amar! Mais precioso que esmeraldas e mais caro que opalas finas. Pérolas e granada não podem comprá-lo, nem se oferece nos mercados. Mercadores não o vendem, nem o conferem em balanças a peso de ouro.
_ Os músicos da galeria – prosseguiu o Estudante – tocarão nos seus instrumentos de corda e, ao som de harpas e violinos, minha amada dançará. Dançará tão leve, tão ágil, que seus pés mal tocarão o assoalho e os cortesãos, com suas roupas de cores vivas, reunir-se-ão em torno dela. Mas comigo não bailará, porque não tenho uma rosa vermelha para dar-lhe... – e atirando-se à relva, ocultou nas mãos o rosto e chorou.
_ Por que está chorando? – perguntou um pequeno lagarto ao passar por ele, correndo, de rabinho levantado.
_ É mesmo! Por que será? – Indagou uma borboleta que perseguia um raio de sol.
_ Por quê? – sussurrou uma linda margarida à sua vizinha.
_ Chora por causa de uma rosa vermelha, - informou o Rouxinol.
_ Por causa de uma rosa vermelha? – exclamaram – Que coisa ridícula! E o lagarto, que era um tanto irônico, riu à vontade.
Mas o Rouxinol compreendeu a angústia do Estudante e, silencioso, no carvalho, pôs-se a meditar sobre o mistério do Amor.
Subitamente, abriu as asas pardas e voou.
Cortou, como uma sombra, a alameda, e como uma sombra, atravessou o jardim.
Ao centro do relvado, erguia-se uma roseira. Ele a viu. Voou para ela e posou num galho.
_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu – e eu cantarei para ti a minha mais bela canção!
_ Minhas rosas são brancas; tão brancas quanto a espuma do mar, mais brancas que a neve das montanhas. Procura minha irmã, a que enlaça o velho relógio-de-sol. Talvez te ceda o que desejas.
Então o Rouxinol voou para a roseira, que enlaçava o velho relógio-de-sol.
_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu – e eu te cantarei minha canção mais linda.
A roseira sacudiu-se levemente.
_ Minhas rosas são amarelas como as cabelos dourados das donzelas, ainda mais amarelas que o trigo que cobre os campos antes da chegada de quem o vai ceifar. Procura a minha irmã, a que vive sob a janela do Estudante. Talvez ela possa te possa ajudar.
O Rouxinol então, dirigiu o vôo para a roseira que crescia sob a janela do Estudante.
_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu - e eu te cantarei a mais linda de minhas canções.
A roseira sacudiu-se levemente.
_ Minhas rosas são vermelhas, tão vermelhas quanto os pés das pombas, mais vermelhas que os grandes leques de coral que oscilam nos abismos profundos do oceano. Contudo, o inverno regelou-me até as veias, a geada queimou-me os botões e a tempestade quebrou-me os galhos. Não darei rosas este ano.
_ Eu só quero uma rosa vermelha, repetiu o Rouxinol, - uma só rosa vermelha. Não haverá meio de obtê-la?
_ Há, respondeu a Roseira, mas é meio tão terrível que não ouso revelar-te.
_ Dize. Não tenho medo.
_ Se queres uma rosa vermelha, explicou a roseira, hás de fazê-la de música, ao luar, tingi-la com o sangue de teu coração. Tens de cantar para mim com o peito junto a um espinho. Cantarás toda a noite para mim e o espinho deve ferir teu coração e teu sangue de vida deve infiltrar-se em minhas veias e tornar-se meu.
_ A morte é um preço exagerado para uma rosa vermelha – exclamou o Rouxinol – e a Vida é preciosa... É tão bom voar, através da mata verde e contemplar o sol em seu esplendor dourado e a lua em seu carro de pérola...O aroma do espinheiro é suave, e suaves são as campânulas ocultas no vale, e as urzes tremulantes na colina. Mas o Amor é melhor que a Vida. E que vale o coração de um pássaro comparado ao coração de um homem?
Abriu as asas pardas para o vôo e ergueu-se no ar. Passou pelo jardim como uma sombra e, como uma sombra, atravessou a alameda.
O Estudante estava deitado na relva, no mesmo ponto em que o deixara, com os lindos olhos inundados de lágrimas.
_ Rejubila-te – gritou-lhe o Rouxinol – Rejubila-te; terás a tua rosa vermelha. Vou fazê-la de música, ao luar. O sangue de meu coração a tingirá. Em conseqüência só te peço que sejas sempre verdadeiro amante, porque o Amor é mais sábio do que a Filosofia; mais poderoso que o poder.. Tem as asas da cor da chama e da cor da chama tem o corpo. Há doçura de mel em seus braços e seu hálito lembra o incenso.
O Estudante ergueu a cabeça e escutou. Nada pode entender, porém, do que dizia o Rouxinol, pois sabia apenas o que está escrito nos livros.
Mas o Carvalho entendeu e ficou melancólico, porque amava muito o pássaro que construíra ninho em seus ramos.
_ Canta-me um derradeiro canto – segredou-lhe – sentir-me-ei tão só depois da tua partida.
Então o Rouxinol cantou para o Carvalho, e sua voz fazia lembrar a água a borbulhar de uma jarra de prata.
Quando o canto finalizou, o Estudante levantou-se, tirando do bolso um caderninho de notas e um lápis.
_ Tem classe, não se pode negar – disse consigo – atravessando a alameda. Mas terá sentimento? Não creio. É igual a maioria dos artistas. Só estilo, sinceridade nenhuma. Incapaz de sacrificar-se por outrem. Só pensa e cantar e bem sabemos quanto a Arte é egoísta. No entanto, é forçoso confessar, possui maravilhosas notas na voz. Que pena não terem significação alguma, nem realizarem nada realmente bom!
Foi para o quarto, deitou-se e, pensando na amada, adormeceu.
Quando a lua refulgia no céu, o Rouxinol voou para a Roseira e apoiou o peito contra o espinho. Cantou a noite inteira e o espinho mais e mais foi se enterrando em seu peito, e o sangue de sua vida lentamente se escoou...
Primeiro descreveu o nascimento do amor no coração de um menino e uma menina; e, no mais alto galho da Roseira, uma flor desabrochou, extraordinária, pétala por pétala, acompanhando um canto e outro canto. Era pálida, a princípio, qual a névoa que esconde o rio, pálida qual os pés da manhã e as asas da alvorada. Como sombra de rosa num espelho de prata, como sombra de rosa em água de lagoa era a rosa que apareceu no mais alto galho da Roseira.
Mas a Roseira pediu ao Rouxinol que se unisse mais ao espinho. – Mais ainda, Rouxinol, - exigiu a Roseira, - senão o dia raia antes que eu acabe a rosa.
O Rouxinol então apertou ainda mais o espinho junto ao peito, e cada vez mais profundo lhe saía o canto porque ele cantava o nascer da paixão na alma do homem e da mulher.
E tênue nuance rosa nacarou as pétalas, igual ao rubor que invade a face do noivo quando beija a noiva nos lábios.
Mas o espinho não lhe alcançava ainda o coração e o coração da flor continuava branco – pois somente o coração de um Rouxinol pode avermelhar o coração de rosa.
_ Mais ainda, Rouxinol, - clamou a Roseira – raiar o dia antes que eu finalize a rosa.
E o Rouxinol, desesperado, calcou-se mais forte no espinho, e o espinho lhe feriu o coração, e uma punhalada de dor o traspassou.
Amarga, amarga lhe foi a angústia e cada vez mais fremente foi o canto, porque ele cantava o amor que a morte aperfeiçoa, o amor que não morre nem no túmulo.
E a rosa maravilhosa tornou-se purpurina como a rosa do céu oriental. Suas pétalas ficaram rubras e, vermelho como um rubi, seu coração.
Mas a voz do Rouxinol se foi enfraquecendo, as pequeninas asas começaram a estremecer e uma névoa cobriu-lhe o olhar, o canto tornou-se débil e ele sentiu qualquer coisa apertar-lhe a garganta.
Então, arrancou do peito o derradeiro grito musical.
Ouviu-o a lua branca, esqueceu-se da Aurora e permaneceu no céu.
A rosa vermelha o ouviu, e trêmula de emoção, abriu-se à aragem fria da manhã. Transportou-o o Eco, à sua caverna purpurina, nos montes, despertando os pastores de seus sonhos. E ele levou-os através dos caniços dos rios e eles transmitiram sua mensagem ao mar.
_ Olha! Olha! Exclamou a Roseira. – A rosa está pronta, agora.
Ao meio dia o Estudante abriu a janela e olhou.
_ Que sorte! – disse – Uma rosa vermelha! Nunca vi rosa igual em toda a minha vida. É tão linda que tem certamente um nome complicado em latim. E curvou-se para colhê-la.
Depois, pondo o chapéu, correu à casa do professor.
_ Disseste que dançarias comigo se eu te trouxesse uma rosa vermelha, - lembrou o Estudante. – Aqui tens a rosa mais linda e vermelha de todo o mundo. Hás de usá-la, hoje a noite, sobre ao coração, e quando dançarmos juntos ela te dirá o quanto te amo.
A moça franziu a testa.
_ Esta rosa não combina com o meu vestido, disse. Ademais, o Capitão da Guarda mandou-me jóias verdadeiras, e jóias, todos sabem, custam muito mais do que flores...
_ És muito ingrata! – exclamou o Estudante, zangado. E atirou a rosa a sarjeta, onde a roda de um carro a esmagou.
_ Sou ingrata? E o senhor não passa de um grosseirão. E, afinal de contas, quem és? Um simples estudante... não acredito que tenhas fivelas de prata, nos sapatos, como as tem o Capitão da Guarda... – e a moça levantou-se e entrou em casa.
_ Que coisa imbecil, o Amor! – Resmungou o estudante, afastando-se. – Nem vale a utilidade da Lógica, porque não prova nada, está sempre prometendo o que não cumpre e fazendo acreditar em mentiras. Nada tem de prático e como neste século o que vale é a prática, volto à Filosofia e vou estudar metafísica.
Retornou ao quarto, tirou da estante um livro empoeirado e pôs-se a ler...
Versão em português: Lázaro Curvêlo Chaves - julho de 2005
Livro do Desassossego
Acabei de pegar este longo livro de Fernando Pessoa e observar algumas de minhas anotações quando o estava lendo, há exatamente 4 anos atrás, abril de 2005.
Assim que inicio um novo livro, sempre que me lembro eu assino e coloco a data. Minhas anotações estão datadas no tempo...
Assim que inicio um novo livro, sempre que me lembro eu assino e coloco a data. Minhas anotações estão datadas no tempo...
Estádio do Morumbi
Fiquei de contar sobre minhas experiência no estádio. Foi minha segunda vez, mesmo assim foi de longe mais emocionante que a primeira. Desta vez era uma decisão entre times importantes do campeonato. Historicamente um clássico.
Misturado ao medo de uma eventual briga de torcidas havia a curiosidade diante do desconhecido... Nunca me interessei muito por futebol. Esse "amor louco" de torcedores pelo time sempre foi para mim muito mais loucura que amor, de uma forma pejorativa mesmo. Eu estava disposta a compreender mais de perto o que se passava. Que estranha atração uma camisa, um símbolo e algumas cores, manisfestavam por um enorme grupo de pessoas. Uma nação "enfeitiçada".
Civilidade Selvagem
Ter ido ao estádio não me fez admirar mais o que para mim é um desperdício de energia quase em vão. Gosto do meio mas rejeito o fim. Gosto da empolgação, das pessoas desconhecidas que se reúnem, se abraçam, da irmandade que se cria, das emoções (boas) que afloram, entretanto gostaria que tudo isso fosse motivado por algo mais lógico, mais "humano" (no sentido mais nobre da palavra). Penso nessas mesmas pessoas unidas, mobilizadas, envolvidas, por algo maior. Talvez por um futuro melhor para nossas crianças (torcendo por isso!), talvez por um mundo mais justo... Para as torcidas o futebol não é um mero entretenimento. Sinto que para muitas pessoas está bem além disso. Parece-me que é quase a vida delas. E, sinceramente, não acho que é algo que valha a pena dedicar uma vida, ou mesmo colocar em tão alto grau de importância. Por quê? A troco de quê? Da emoção, da alegria que vem grudada a irracionalidade? Quisera essa alegria estivesse grudada a outros valores tão mais carentes de atenção... Quisera fosse um tempo despendido com tão ou mais sentimento pelo próximo. Gostaria de ver multidões se reunindo com a mesma vontade por algo que inspirasse uma explicação lógica e emocional mais plausível, pelo qual valesse a pena se orgulhar. Isso sem contar a insanidade, o olhar de ódio e os xingamentos entre pessoas que não se conhecem, nunca se viram... É impressionante a vontade "civilizada" de ser "selvagem", neste caso no pior sentido da palavra...
Classes diferentes, paixões iguais
Paramos o carro bem longe, no lugar que nos pareceu mais seguro, andamos uns 15 minutos até o estádio. As pessoas vinham de todos os lados e caminhavam para a mesma direção. Quanto mais próximos chegávamos mais gente. E o que achei mais bonito: mais gente desconhecida compartilhando uma paixão, o que fazia com que todos fossem um. O que me comove é ver as classes sociais uniformizadas, equiparadas, igualadas. Não importa que o estádio segregue os torcedores em setores diferentes, a camisa é a mesma, o amor é o mesmo, e a idéia de que em algum momento, em nosso país, o rico ou o pobre, o branco ou o negro, o intelectual ou o analfabeto, esses de vidas tão díspares estão vivenciando o mesmo momento me encanta. Poderia ser por um motivo melhor, mas ainda assim me encanta. Como já disse não é o fim em si, não é para quê isso acontece, no entanto é o meio, é como acontece. E o "como" me seduz. Gosto de entoar os hinos das torcidas, gosto de unir a minha voz a voz de uma multidão, gosto de compartilhar sentimentos, emoções. Gosto de ser mais uma. De sentir-me semelhante, igual, parte.
Ser criança e não saber
Demorei algum tempo para sair da posição de observadora, de espectadora. O lugar que fiquei tinha uma visão perfeita de todo o campo. Bem do centro. Logo ao lado estava a torcida do Corinthians (eu estava na do São Paulo) e desde o início, até o final do jogo, os torcedores ficavam se olhando e se xingando, fazendo gesto obscenos, etc. Isso foi para mim exageradamente engraçado. Pude me divertir com a falta de senso de ridículo, por mais divertido que seja a travessura de xingar um desconhecido. Para mim é uma atitude que chega a ter quase uma pureza infantil. Gosto das coisas de criança e só acho ridículo porque os torcedores fazem isso sem ter noção do quanto estão sendo infantis, o que para mim não é defeito, não há nada demais, aliás é única coisa bela nesse tipo de atitude: o fato de ser uma travessura pueril. Neste sentido até me instigaria pratica-la só que consciente de ser uma bobagem e de me permitir ser criança e inconsequente. Para mim seria uma brincadeira. Até porque levar aquilo a sério seria mais ridículo ainda.
O jogo e o amor
O primeiro tempo foi todo favorável ao São Paulo. O estádio lotado provavelmente 40 mil são paulinos e apenas (no máximo) 5 mil corinthianos no pequeno espaço reservado a eles.
Eu temia minha reação ao ver Ronaldo jogando e confesso que tive que me conter para esconder a minha torcida. Eu gosto dele de forma irracional, sem saber explicar porquê e torço pela pessoa dele, não importa o time.
Cada vez que a torcida se levantava para cantar eu cantava junto e foram para mim os momentos mais divertidos, mais lúdicos.
No segundo tempo, quando o Corinthians fez 2 gols a torcida deles se inflamou ainda mais e a do São Paulo se silenciou. Isso foi decepcionante para mim. Mais que receber os gols. Eu queria levantar o time, torcer, gritar, para mim aquela era a hora que mais valia. Para isso que eu tinha ido. Um time que está vencendo não precisa da torcida. Justamente nesta hora que a torcida pode exercer a missão de torcer com mais sentido. Até porque acredito que "o amor pelo que é perfeito é um amor sem mérito". O amor mora justamente na imperfeição, é ali que ele comprova a sua existência. Amar um time que está vencendo é muuito fácil, não é amor. O amor se manifesta na adversidade, na dificuldade, ali que se descobre amor. Com essa apatia a torcida do São Paulo ficou até quase o final, muitos se levantaram e foram embora. As chances diminuíam cada vez mais. De repente uma voz foi tomando o estádio e cobrindo a torcida em êxtase do Corinthians. Os são paulinos decidiram aplaudir o time que não tinha mais chances de ganhar. Cantaram todo o hindo do São Paulo, com orgulho, isso mexeu comigo. Achei que tinha demorado, mas me tocou. Eu me identifiquei com a demonstração de apoio. É assim que penso. Eu tinha ido ali para isso. Para torcer, acontecesse o que acontecesse. E tinha algo de ainda mais belo naquela torcida e naquele canto diante da derrota. Se fosse uma vitória seria um canto evidente, previsto. Como aconteceu foi extremamente imprevisto. Saí do estádio entre pessoas que ainda cantavam e aquelas vozes invadiam as ruas e as redondezas. A mensagem iminente era a de que o amor sobrevivera...
Pontos positivos: amar, torcer, envolver-se.
Pontos negativos: que isso seja motivado tão somente pelo futebol.
Misturado ao medo de uma eventual briga de torcidas havia a curiosidade diante do desconhecido... Nunca me interessei muito por futebol. Esse "amor louco" de torcedores pelo time sempre foi para mim muito mais loucura que amor, de uma forma pejorativa mesmo. Eu estava disposta a compreender mais de perto o que se passava. Que estranha atração uma camisa, um símbolo e algumas cores, manisfestavam por um enorme grupo de pessoas. Uma nação "enfeitiçada".
Civilidade Selvagem
Ter ido ao estádio não me fez admirar mais o que para mim é um desperdício de energia quase em vão. Gosto do meio mas rejeito o fim. Gosto da empolgação, das pessoas desconhecidas que se reúnem, se abraçam, da irmandade que se cria, das emoções (boas) que afloram, entretanto gostaria que tudo isso fosse motivado por algo mais lógico, mais "humano" (no sentido mais nobre da palavra). Penso nessas mesmas pessoas unidas, mobilizadas, envolvidas, por algo maior. Talvez por um futuro melhor para nossas crianças (torcendo por isso!), talvez por um mundo mais justo... Para as torcidas o futebol não é um mero entretenimento. Sinto que para muitas pessoas está bem além disso. Parece-me que é quase a vida delas. E, sinceramente, não acho que é algo que valha a pena dedicar uma vida, ou mesmo colocar em tão alto grau de importância. Por quê? A troco de quê? Da emoção, da alegria que vem grudada a irracionalidade? Quisera essa alegria estivesse grudada a outros valores tão mais carentes de atenção... Quisera fosse um tempo despendido com tão ou mais sentimento pelo próximo. Gostaria de ver multidões se reunindo com a mesma vontade por algo que inspirasse uma explicação lógica e emocional mais plausível, pelo qual valesse a pena se orgulhar. Isso sem contar a insanidade, o olhar de ódio e os xingamentos entre pessoas que não se conhecem, nunca se viram... É impressionante a vontade "civilizada" de ser "selvagem", neste caso no pior sentido da palavra...
Classes diferentes, paixões iguais
Paramos o carro bem longe, no lugar que nos pareceu mais seguro, andamos uns 15 minutos até o estádio. As pessoas vinham de todos os lados e caminhavam para a mesma direção. Quanto mais próximos chegávamos mais gente. E o que achei mais bonito: mais gente desconhecida compartilhando uma paixão, o que fazia com que todos fossem um. O que me comove é ver as classes sociais uniformizadas, equiparadas, igualadas. Não importa que o estádio segregue os torcedores em setores diferentes, a camisa é a mesma, o amor é o mesmo, e a idéia de que em algum momento, em nosso país, o rico ou o pobre, o branco ou o negro, o intelectual ou o analfabeto, esses de vidas tão díspares estão vivenciando o mesmo momento me encanta. Poderia ser por um motivo melhor, mas ainda assim me encanta. Como já disse não é o fim em si, não é para quê isso acontece, no entanto é o meio, é como acontece. E o "como" me seduz. Gosto de entoar os hinos das torcidas, gosto de unir a minha voz a voz de uma multidão, gosto de compartilhar sentimentos, emoções. Gosto de ser mais uma. De sentir-me semelhante, igual, parte.
Ser criança e não saber
Demorei algum tempo para sair da posição de observadora, de espectadora. O lugar que fiquei tinha uma visão perfeita de todo o campo. Bem do centro. Logo ao lado estava a torcida do Corinthians (eu estava na do São Paulo) e desde o início, até o final do jogo, os torcedores ficavam se olhando e se xingando, fazendo gesto obscenos, etc. Isso foi para mim exageradamente engraçado. Pude me divertir com a falta de senso de ridículo, por mais divertido que seja a travessura de xingar um desconhecido. Para mim é uma atitude que chega a ter quase uma pureza infantil. Gosto das coisas de criança e só acho ridículo porque os torcedores fazem isso sem ter noção do quanto estão sendo infantis, o que para mim não é defeito, não há nada demais, aliás é única coisa bela nesse tipo de atitude: o fato de ser uma travessura pueril. Neste sentido até me instigaria pratica-la só que consciente de ser uma bobagem e de me permitir ser criança e inconsequente. Para mim seria uma brincadeira. Até porque levar aquilo a sério seria mais ridículo ainda.
O jogo e o amor
O primeiro tempo foi todo favorável ao São Paulo. O estádio lotado provavelmente 40 mil são paulinos e apenas (no máximo) 5 mil corinthianos no pequeno espaço reservado a eles.
Eu temia minha reação ao ver Ronaldo jogando e confesso que tive que me conter para esconder a minha torcida. Eu gosto dele de forma irracional, sem saber explicar porquê e torço pela pessoa dele, não importa o time.
Cada vez que a torcida se levantava para cantar eu cantava junto e foram para mim os momentos mais divertidos, mais lúdicos.
No segundo tempo, quando o Corinthians fez 2 gols a torcida deles se inflamou ainda mais e a do São Paulo se silenciou. Isso foi decepcionante para mim. Mais que receber os gols. Eu queria levantar o time, torcer, gritar, para mim aquela era a hora que mais valia. Para isso que eu tinha ido. Um time que está vencendo não precisa da torcida. Justamente nesta hora que a torcida pode exercer a missão de torcer com mais sentido. Até porque acredito que "o amor pelo que é perfeito é um amor sem mérito". O amor mora justamente na imperfeição, é ali que ele comprova a sua existência. Amar um time que está vencendo é muuito fácil, não é amor. O amor se manifesta na adversidade, na dificuldade, ali que se descobre amor. Com essa apatia a torcida do São Paulo ficou até quase o final, muitos se levantaram e foram embora. As chances diminuíam cada vez mais. De repente uma voz foi tomando o estádio e cobrindo a torcida em êxtase do Corinthians. Os são paulinos decidiram aplaudir o time que não tinha mais chances de ganhar. Cantaram todo o hindo do São Paulo, com orgulho, isso mexeu comigo. Achei que tinha demorado, mas me tocou. Eu me identifiquei com a demonstração de apoio. É assim que penso. Eu tinha ido ali para isso. Para torcer, acontecesse o que acontecesse. E tinha algo de ainda mais belo naquela torcida e naquele canto diante da derrota. Se fosse uma vitória seria um canto evidente, previsto. Como aconteceu foi extremamente imprevisto. Saí do estádio entre pessoas que ainda cantavam e aquelas vozes invadiam as ruas e as redondezas. A mensagem iminente era a de que o amor sobrevivera...
Pontos positivos: amar, torcer, envolver-se.
Pontos negativos: que isso seja motivado tão somente pelo futebol.
21 de abr. de 2009
Feriado
Estou passando as últimas horas de um feriado prolongado. Já estava me acostumando com a vida sem horário.
Susan Boyle
Susan Boyle emocionou o mundo com sua apresentação em um show de calouros na Inglaterra. Jornais de diversos países tornaram conhecida a história desta camponesa que, tal qual um patinho feio, com uma voz extremamente tocante e bela e de irretocável interpretação, transformou-se em "cisne" diante das câmeras. Susan fez com que qualquer sonho inatingível pudesse ser sonhado com mais força através da dignidade de sua voz.
Não perca! Assista aqui.
P.S.: Agradeço a dica da minha querida Claudia, do By Cacarinas. Já sabia sobre Susan mas ainda não tinha assistido ao vídeo.
P.S.: Recomendo a coluna de hoje de João Pereira Coutinho na Folha de São Paulo
20 de abr. de 2009
Final do Campeonato Paulista
Ontem fui ao estádio assistir a semi-final São Paulo X Corinthians.
Depois conto mais.
Depois conto mais.
18 de abr. de 2009
U2 - Beaultiful Day
Assim que acordei, ainda na cama, liguei a TV e estava passando esse clip . Vale a pena assistir U2. Assista aqui com tradução.
Não deixe esse dia escapar!
17 de abr. de 2009
Porta-segredo
Não vou te contar meus segredos, mesmo que leia bem de perto e tente encontrar.
Não vou contar segredos que não sei, e os que sei não quero contar.
Não vou contar segredos que nem sequer existem, e se existissem seriam para guardar.
Não vou contar segredos que, se quiser, pode descobrir em meu olhar.
Não vou contar segredos que não sei, e os que sei não quero contar.
Não vou contar segredos que nem sequer existem, e se existissem seriam para guardar.
Não vou contar segredos que, se quiser, pode descobrir em meu olhar.
Enquanto durmo
Faça carinho enquanto eu durmo.
Durma a sua mão no meu couro cabeludo
Enquanto seus dedos dançam.
Sorria quando meus olhos estiverem cerrados.
Encerre meu medo,
Desafie meu credo,
Acaricie a pele com os lábios.
Enquanto durmo namore os traços do meu rosto.
Deite a cabeça no meu dorso
Para sentir o pulsar do meu coração sábio.
Faça mais carinho...
Enquanto durmo
Para me amar ao acordar. (7:56 PM - 26/08/08)
Durma a sua mão no meu couro cabeludo
Enquanto seus dedos dançam.
Sorria quando meus olhos estiverem cerrados.
Encerre meu medo,
Desafie meu credo,
Acaricie a pele com os lábios.
Enquanto durmo namore os traços do meu rosto.
Deite a cabeça no meu dorso
Para sentir o pulsar do meu coração sábio.
Faça mais carinho...
Enquanto durmo
Para me amar ao acordar. (7:56 PM - 26/08/08)
Depois do medo...
Se eu não fosse eu seria outra, meu sentimento seria outro, sem paixões latentes que me fizeram perder o rumo, me perder do mundo, para somente sozinha me encontrar.
Eu era um barquinho temendo atravessar o mar na tempestade. Achava que não conseguiria. O que eu não sabia é que eu não era um barquinho frágil, mas um navio de ferro que corta o percurso das águas.
(16/04/2009 - 11:20 AM)
Eu era um barquinho temendo atravessar o mar na tempestade. Achava que não conseguiria. O que eu não sabia é que eu não era um barquinho frágil, mas um navio de ferro que corta o percurso das águas.
(16/04/2009 - 11:20 AM)
Matéria de Sonho
Somos matéria?
Somos sonhos?
Dentro de nós mundos cálidos se sobrepoem...
Somos estranhos?
Somos medonhos?
Dentro de nós atmosferas reais se constroem...
O que eu e você seremos no futuro?
Algo maior que as lembranças do passado?
Nos próximos 50 anos, você estará ao meu lado?
E além?
(3:44 AM - 15/04/2009)
Somos sonhos?
Dentro de nós mundos cálidos se sobrepoem...
Somos estranhos?
Somos medonhos?
Dentro de nós atmosferas reais se constroem...
O que eu e você seremos no futuro?
Algo maior que as lembranças do passado?
Nos próximos 50 anos, você estará ao meu lado?
E além?
(3:44 AM - 15/04/2009)
16 de abr. de 2009
Começo, Meio e Fim
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar e fazer um novo fim". (autor desconhecido)
"Sei que não dá para mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar para mudar o final". (Elisa Lucinda)
"A vida não tem ensaios, mas tem novas chances". (Elisa Lucinda)
"Sei que não dá para mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar para mudar o final". (Elisa Lucinda)
"A vida não tem ensaios, mas tem novas chances". (Elisa Lucinda)
15 de abr. de 2009
Dia do Beijo
Então quer dizer que ontem foi o Dia do Beijo e só fiquei sabendo hoje?
Amo essa música! E beijos são bem-vindos todos os dias:
Também amo essa trilha e essa cena final de um dos meus filmes prediletos, Cinema Paradiso:
Quero um beijo assim porque nem sempre é tão difícil atravessar... Depende do que te espera do outro lado.
Amo essa música! E beijos são bem-vindos todos os dias:
Também amo essa trilha e essa cena final de um dos meus filmes prediletos, Cinema Paradiso:
Quero um beijo assim porque nem sempre é tão difícil atravessar... Depende do que te espera do outro lado.
Orgulho de Si
Meu pai estava internado. Hoje fui buscá-lo no hospital e estávamos comentando sobre um artigo do médico Drauzio Varella. Disseram que ele fundou o Objetivo junto com o atual dono do Objetivo e da Unip, o Di Genio. Aproveitei a ocasião e perguntei ao meu pai:
"Quem você preferia ser, pai, o Di Genio ou o Drauzio Varella?"
Cada um atingiu um nível diferente de notoriedade e me instigava saber a preferência do meu pai. Que vida mais o seduziria? Pensei...
"Filha, eu prefiro ser eu! Jamais quis ser outra pessoa. Quero ser Nahim Ibrahim Ahmad!"
E com essa frase - e com esse orgulho de si - que este paciente de câncer se recupera mais uma vez de suas batalhas com a doença. Batalhas estas que já duram quase 20 anos...
Bem-vindo de volta a casa, papai!
"Quem você preferia ser, pai, o Di Genio ou o Drauzio Varella?"
Cada um atingiu um nível diferente de notoriedade e me instigava saber a preferência do meu pai. Que vida mais o seduziria? Pensei...
"Filha, eu prefiro ser eu! Jamais quis ser outra pessoa. Quero ser Nahim Ibrahim Ahmad!"
E com essa frase - e com esse orgulho de si - que este paciente de câncer se recupera mais uma vez de suas batalhas com a doença. Batalhas estas que já duram quase 20 anos...
Bem-vindo de volta a casa, papai!
Pérolas Proverbiais
Conheço uma pessoa que é a rainha das "pérolas". Não vou expo-la ao ridículo, preservarei a sua identidade, mas divulgarei o que ela diz. Ela muda tooodos os provérbios. Ontem disse:
"Comer e começar é só coçar".
(risos)
"Comer e começar é só coçar".
(risos)
65 anos de amor...
Naquele dia eles celebrariam 65 anos de união. Estavam de mãos dadas, no carro, esperando o momento de entrarem na igreja para a renovação dos votos matrimoniais.
Fiquei com os olhos hipnotizados enquanto ele me confidenciou:
"Eu me apaixonei por ela no primeiro instante em que a vi". Ela sorriu timidamente ao ouvi-lo dizer aquilo e com as pontas dos dedos já enrugados pelo tempo tocou a mão dele. Foi uma afago que se manteve durante o tempo em que os observei.
Ele disse mais:
"Quando ela viaja eu peço a Deus para que não a deixe ficar doente e que se for enviar alguma doença que envie a mim, jamais a ela."
Foram frases tão reais... Eu já tinha escrito para eles este texto (encomendado pelos filhos e netos para uma homenagem):
As histórias de amor acontecem o tempo todo e em todos os tempos, mas esta história de amor é tão rara quanto um cometa que cruza o céu uma única vez em cada século.
Poucos se lembram como começou e o mais mágico é que não tem fim e tem um durante tão intenso e tão vívido que deslumbra todos os descendentes oriundos deste amor. Um amor que atravessa dias, meses, anos e décadas, que sorri para cada um de nós como nos sorri a lembrança de nossa infância. Um amor que foi o berço em que fomos acalentados e que continua sendo o destino mais sublime e encantado com que todos nós sonhamos. Um amor capaz de fazer florescer 12 botões, dos quais de todos ainda se sente o perfume, até mesmo do qual as pétalas parecem secas*. Um amor que existe não para que falemos dele mas para que seja contemplado em sua plenitude com as palavras que a caneta da vida escreve e somente os olhos do sentimento podem ler.
Manoel e Elza, pessoas cujo as imagens nos contam sobre um amor que nem mesmo os poetas conheceram. A existência de vocês é como um sopro de esperança e luz para nossos corações. Celebrar a união de vocês é como uma manhã clara que vem amanhecer a nossa escuridão. São em seus semblantes que nosso pensamento debruça nas horas de maior desespero e tristeza. É por vocês que se porventura uma lágrima nos umedecer a face a nossa caminhada ainda vale a pena. Vocês são para nós como uma estrela a emanar o mais puro e irradiante brilho. Um raio que a cada passo nos ilumina e que em nossos lamentos nos salva.
Vocês renascem hoje em nós como nós nascemos um dia em vocês, porque são para nós os nossos pais, os nossos avós, os nossos bisavós... Mas também a criança que desejaríamos carregar nos braços para retribuir toda ternura, todo afeto, todos os abraços, todo amor que recebemos. O mesmo amor que nos fez e que, hoje, embora repartido entre nós concebe o milagre de se tornar ainda maior.
Elza e Manoel, não sabemos o que vocês pensam sobre o que fizeram da vida ou sobre o que a vida fez com vocês, mas se olharem à sua volta verão que neste recinto não há uma só alma que vocês não tenham marcado.
Olhem à sua volta! Se existe ainda algum olhar que não esteja marejado é porque choramos por dentro a emoção de descender de vocês. Não há uma só voz que não fique embargada... É como uma canção que nos foge da garganta, porque sentimentos não se exprimem nesses breves instantes de uma homenagem que nem mesmo uma vida toda poderia equivaler. Então oferecemos a vocês as nossas vidas para que nelas, a nosso modo, presenteemos vocês com o nosso sucesso, com nossas vitórias, com nossos frutos, com nossos filhos, essas outras vidas que vieram, vem e virão semeando a mesma semente de luta e de glória que jorra dessa mesma raiz.
Ah, se Elza não se apaixonasse por Manoel... Ah, se Manoel não se enamorasse por Elza... Nada disso seria possível. Passaram 65 anos e nada disso seria real. E mesmo que seja real é, para nós, como um sonho. Um sonho que vocês realizam na magnitude desse olhar que esconde as suas verdadeiras histórias, com certeza ainda mais belas e mágicas que essas que tentamos contar. Nos permitam sonhar sempre esse sonho com vocês!
Com o mais etéreo afeto,
De seus filhos, netos, bisnetos, enfim todos os orgulhosos descendentes de vocês!
______________
* Eles tiveram 12 filhos, um faleceu, representado nesta metáfora pela flor de pétalas secas.
Fiquei com os olhos hipnotizados enquanto ele me confidenciou:
"Eu me apaixonei por ela no primeiro instante em que a vi". Ela sorriu timidamente ao ouvi-lo dizer aquilo e com as pontas dos dedos já enrugados pelo tempo tocou a mão dele. Foi uma afago que se manteve durante o tempo em que os observei.
Ele disse mais:
"Quando ela viaja eu peço a Deus para que não a deixe ficar doente e que se for enviar alguma doença que envie a mim, jamais a ela."
Foram frases tão reais... Eu já tinha escrito para eles este texto (encomendado pelos filhos e netos para uma homenagem):
As histórias de amor acontecem o tempo todo e em todos os tempos, mas esta história de amor é tão rara quanto um cometa que cruza o céu uma única vez em cada século.
Poucos se lembram como começou e o mais mágico é que não tem fim e tem um durante tão intenso e tão vívido que deslumbra todos os descendentes oriundos deste amor. Um amor que atravessa dias, meses, anos e décadas, que sorri para cada um de nós como nos sorri a lembrança de nossa infância. Um amor que foi o berço em que fomos acalentados e que continua sendo o destino mais sublime e encantado com que todos nós sonhamos. Um amor capaz de fazer florescer 12 botões, dos quais de todos ainda se sente o perfume, até mesmo do qual as pétalas parecem secas*. Um amor que existe não para que falemos dele mas para que seja contemplado em sua plenitude com as palavras que a caneta da vida escreve e somente os olhos do sentimento podem ler.
Manoel e Elza, pessoas cujo as imagens nos contam sobre um amor que nem mesmo os poetas conheceram. A existência de vocês é como um sopro de esperança e luz para nossos corações. Celebrar a união de vocês é como uma manhã clara que vem amanhecer a nossa escuridão. São em seus semblantes que nosso pensamento debruça nas horas de maior desespero e tristeza. É por vocês que se porventura uma lágrima nos umedecer a face a nossa caminhada ainda vale a pena. Vocês são para nós como uma estrela a emanar o mais puro e irradiante brilho. Um raio que a cada passo nos ilumina e que em nossos lamentos nos salva.
Vocês renascem hoje em nós como nós nascemos um dia em vocês, porque são para nós os nossos pais, os nossos avós, os nossos bisavós... Mas também a criança que desejaríamos carregar nos braços para retribuir toda ternura, todo afeto, todos os abraços, todo amor que recebemos. O mesmo amor que nos fez e que, hoje, embora repartido entre nós concebe o milagre de se tornar ainda maior.
Elza e Manoel, não sabemos o que vocês pensam sobre o que fizeram da vida ou sobre o que a vida fez com vocês, mas se olharem à sua volta verão que neste recinto não há uma só alma que vocês não tenham marcado.
Olhem à sua volta! Se existe ainda algum olhar que não esteja marejado é porque choramos por dentro a emoção de descender de vocês. Não há uma só voz que não fique embargada... É como uma canção que nos foge da garganta, porque sentimentos não se exprimem nesses breves instantes de uma homenagem que nem mesmo uma vida toda poderia equivaler. Então oferecemos a vocês as nossas vidas para que nelas, a nosso modo, presenteemos vocês com o nosso sucesso, com nossas vitórias, com nossos frutos, com nossos filhos, essas outras vidas que vieram, vem e virão semeando a mesma semente de luta e de glória que jorra dessa mesma raiz.
Ah, se Elza não se apaixonasse por Manoel... Ah, se Manoel não se enamorasse por Elza... Nada disso seria possível. Passaram 65 anos e nada disso seria real. E mesmo que seja real é, para nós, como um sonho. Um sonho que vocês realizam na magnitude desse olhar que esconde as suas verdadeiras histórias, com certeza ainda mais belas e mágicas que essas que tentamos contar. Nos permitam sonhar sempre esse sonho com vocês!
Com o mais etéreo afeto,
De seus filhos, netos, bisnetos, enfim todos os orgulhosos descendentes de vocês!
______________
* Eles tiveram 12 filhos, um faleceu, representado nesta metáfora pela flor de pétalas secas.
O que a primavera faz com as cerejas
Amo essa frase de Pablo Neruda:
Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas
Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas
14 de abr. de 2009
Ausência era Espera
Meus olhos são duas superfícies transparentes enxergando um destino novo.
Sonhei com ele. E esperei até, ainda que não soubesse disso.
A ausência não era ausência, era espera, e eu nem sabia...
Espera de uma presença que hoje existe.
Sonhei com ele. E esperei até, ainda que não soubesse disso.
A ausência não era ausência, era espera, e eu nem sabia...
Espera de uma presença que hoje existe.
13 de abr. de 2009
Antes
Quando eu escrevia para mim mesma a profundidade era maior.
Quando eu escrevia e ninguém lia
Eu sabia meu sentimento de cor
Quando eu pensava e não sentia
Meu sentimento era pior
Então eu não escrevia...
Quando eu escrevia e ninguém lia
Eu sabia meu sentimento de cor
Quando eu pensava e não sentia
Meu sentimento era pior
Então eu não escrevia...
12 de abr. de 2009
Augusto Boal
Na entrevista do Roda Viva Patch Adams citou dois intelectuais brasileiros, primeiro o filósofo da educação Paulo Freire e depois o teatrólogo Augusto Boal.
Não sabia que ano passado Augusto Boal chegou a ser indicado para o Prêmio Nobel da Paz.
Os brasileiros precisam e devem conhecer mais o trabalho deste homem.
Leia sobre o Teatro do Oprimido no site oficial internacional.
Patch Adams
Um dos programas mais brilhantes que a TV ja exibiu, com essa lendária figura humana (e real!) cuja vida inspirou um filme de Hollywood e cujo exemplo inspira outras vidas a se dedicarem não tão somente ao riso (que o tornou conhecido) mas sobretudo ao amor ao próximo, a justiça e a paz. Imperdível! Clique aqui: http://video.google.com/videoplay?docid=4517809180274753735
Azul (continuação)
(continuação de Azul, logo abaixo)
Quando chegava cansado do trabalho era comigo que se confidenciava. Eu gostava de pegar papel e caneta e fingir que fazia anotações como se fosse comentar e ajudá-lo a resolver cada detalhe. A sua atenção era tanta que na minha pequenes eu me sentia grande.
Cresci. Hoje meu pescoço não dói mais para enxergá-lo. Nem sempre vamos juntos ao supermercado... Mas meu coração dói quando penso na sua finitude. Não anseio a chegada do dia em que terei que olhar para cima, de novo, para vê-lo...
Quando chegava cansado do trabalho era comigo que se confidenciava. Eu gostava de pegar papel e caneta e fingir que fazia anotações como se fosse comentar e ajudá-lo a resolver cada detalhe. A sua atenção era tanta que na minha pequenes eu me sentia grande.
Cresci. Hoje meu pescoço não dói mais para enxergá-lo. Nem sempre vamos juntos ao supermercado... Mas meu coração dói quando penso na sua finitude. Não anseio a chegada do dia em que terei que olhar para cima, de novo, para vê-lo...
10 de abr. de 2009
Azul
Na minha colcha de retalhos o tecido estampado de cinza era seu, mas o colorido também era, sobretudo o azul, para quem seus olhos brilhavam mais...
Sempre disputamos a sua atenção, o seu afeto, o seu olhar, seu colo e até seu canto.
Tantas mulheres e nós ainda pequeninas, meninas que éramos abraçávamos seus passos para não nos perdermos de você no supermercado.
Cada vez que me distraia lembro-me de olhar adiante e só enxergar uma multidão de pernas que se moviam com carrinhos de compras. Qual delas seriam o seu par de longas e enormer pernas aos meus olhos de criança? Corria para elas e confesso que às vezes me confundia e agarrava as pernas erradas. Era constrangedor olhar para cima e não ver seu rosto. Em pouco tempo percebi que olhando para cima meu pescoço doía mas era mais fácil o identificar. Era tão bom me pendurar em suas pernas enquanto você caminhava. Eu ia sem esforço. Já era um peso para você, desde aquela época...
Um dia vi suas anotações e copiei em um caderno inteiro. Eu nem sabia ler. Identifiquei aquelas letras como se fossem ondas, dezenas e dezenas de "u"s lado a lado, em letra cursiva. Só depois compreendi que quando o olho não está habituado ele não enxerga ou identifica as coisas como elas são, mas como lhe parecem. E sei que ainda hoje muitas vezes me depararei com a falha ocular humana para todas as coisas que não se está habituado a olhar.
(continua acima)
Sempre disputamos a sua atenção, o seu afeto, o seu olhar, seu colo e até seu canto.
Tantas mulheres e nós ainda pequeninas, meninas que éramos abraçávamos seus passos para não nos perdermos de você no supermercado.
Cada vez que me distraia lembro-me de olhar adiante e só enxergar uma multidão de pernas que se moviam com carrinhos de compras. Qual delas seriam o seu par de longas e enormer pernas aos meus olhos de criança? Corria para elas e confesso que às vezes me confundia e agarrava as pernas erradas. Era constrangedor olhar para cima e não ver seu rosto. Em pouco tempo percebi que olhando para cima meu pescoço doía mas era mais fácil o identificar. Era tão bom me pendurar em suas pernas enquanto você caminhava. Eu ia sem esforço. Já era um peso para você, desde aquela época...
Um dia vi suas anotações e copiei em um caderno inteiro. Eu nem sabia ler. Identifiquei aquelas letras como se fossem ondas, dezenas e dezenas de "u"s lado a lado, em letra cursiva. Só depois compreendi que quando o olho não está habituado ele não enxerga ou identifica as coisas como elas são, mas como lhe parecem. E sei que ainda hoje muitas vezes me depararei com a falha ocular humana para todas as coisas que não se está habituado a olhar.
(continua acima)
O Anjo Visível
Quando a gente pensa que já tinha chegado ao máximo
Que já tinha suportado todo o peso possível
Que tinha visto tudo que tinha que ver
Que já tinha sido tudo que podia ser
Vem a vida e mostra adiante,
O que ninguém tinha visto:
Um peso ainda maior
Visão ainda pior
Depois vem o tempo
Com candura
Com alento
Manto invisível de aconchego
A gente até pensa:
"Não era tão pesado assim!"
Então chega o dia seguinte
O amanhã da esperança traz um presente de páscoa.
Ele ainda existe, a gente ainda existe,
O hoje ainda existe...
Tudo que temos é o agora
(E quero passar tantos agoras com ele!}
O agora está grávido de um futuro.
O encontro sempre pode ser o último
Carrego dele um sorriso, um beijo cálido
E algumas palavras que me golpeiam
Com ternura.
Ainda há muito para ser dito
Ainda há muito para ser feito
E só tenho o agora para dizer-lhe
E sempre digo.
Por puro medo de não poder faze-lo.
E sempre faço
Por puro medo de não poder tê-lo
E sempre o tenho
Por puro medo de um dia perdê-lo.
(Para Nahim I. Ahmad, meu pai)
Que já tinha suportado todo o peso possível
Que tinha visto tudo que tinha que ver
Que já tinha sido tudo que podia ser
Vem a vida e mostra adiante,
O que ninguém tinha visto:
Um peso ainda maior
Visão ainda pior
Depois vem o tempo
Com candura
Com alento
Manto invisível de aconchego
A gente até pensa:
"Não era tão pesado assim!"
Então chega o dia seguinte
O amanhã da esperança traz um presente de páscoa.
Ele ainda existe, a gente ainda existe,
O hoje ainda existe...
Tudo que temos é o agora
(E quero passar tantos agoras com ele!}
O agora está grávido de um futuro.
O encontro sempre pode ser o último
Carrego dele um sorriso, um beijo cálido
E algumas palavras que me golpeiam
Com ternura.
Ainda há muito para ser dito
Ainda há muito para ser feito
E só tenho o agora para dizer-lhe
E sempre digo.
Por puro medo de não poder faze-lo.
E sempre faço
Por puro medo de não poder tê-lo
E sempre o tenho
Por puro medo de um dia perdê-lo.
(Para Nahim I. Ahmad, meu pai)
8 de abr. de 2009
Dia Pesado
Hoje está sendo um dia pesado para mim.
O peso testa nossas forças. Até onde podemos ir sem pedir socorro?
Entretanto nem sempre a resistência é a melhor escolha...
É difícil discernir até onde podemos (ou devemos) ir sem pedir ajuda.
Pedir a tempo pode previnir a explosão.
O peso testa nossas forças. Até onde podemos ir sem pedir socorro?
Entretanto nem sempre a resistência é a melhor escolha...
É difícil discernir até onde podemos (ou devemos) ir sem pedir ajuda.
Pedir a tempo pode previnir a explosão.
7 de abr. de 2009
Final BBB9 - citações do Bial
O texto final de Pedro Bial coroou o término desta edição com algumas citações.
A primeira foi de Caetano Veloso.
Outra frase foi:
"Senso comum é o pensamento de quem tem preguiça de pensar".
Foi dita quando comentou a forma com que qualquer preconceito é diluído durante o programa. Os rótulos de uma primeira impressão caem quando os "personagens" são conhecidos mais profundamente. Aquele que parecia chato se mostra sensível, a que parecia ser vazia se mostra inteligente, o que parecia verdadeiro se mostra mal caráter e, assim como na vida, sucessivamente os disfarces caem. As primeiras máscaras caem, ainda que possam ser trocadas por outras menos ou mais belas. E na medida da realidade podemos nos identificar com o que vemos, ou não. Mas o programa se torna um exercício de descoberta do outro, e até de si mesmo...
A outra citação foi de Spinosa:
"Liberdade é conhecer os cordéis que nos manipulam".
Agora com o fim da edição a experiência de confinamento seria trocada pela da liberdade... Liberdade!? É possível ser livre depois de tanta exposição?
Eu cito ainda a poetisa Cecília Meireles:
"Liberdade - essa palavra,
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!"
Um beijo e reflita!
Aline Ahmad***
A primeira foi de Caetano Veloso.
Outra frase foi:
"Senso comum é o pensamento de quem tem preguiça de pensar".
Foi dita quando comentou a forma com que qualquer preconceito é diluído durante o programa. Os rótulos de uma primeira impressão caem quando os "personagens" são conhecidos mais profundamente. Aquele que parecia chato se mostra sensível, a que parecia ser vazia se mostra inteligente, o que parecia verdadeiro se mostra mal caráter e, assim como na vida, sucessivamente os disfarces caem. As primeiras máscaras caem, ainda que possam ser trocadas por outras menos ou mais belas. E na medida da realidade podemos nos identificar com o que vemos, ou não. Mas o programa se torna um exercício de descoberta do outro, e até de si mesmo...
A outra citação foi de Spinosa:
"Liberdade é conhecer os cordéis que nos manipulam".
Agora com o fim da edição a experiência de confinamento seria trocada pela da liberdade... Liberdade!? É possível ser livre depois de tanta exposição?
Eu cito ainda a poetisa Cecília Meireles:
"Liberdade - essa palavra,
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!"
Um beijo e reflita!
Aline Ahmad***
Falta de si 2
Enquanto leio a pessoa que eu era, revendo arquivos do passado, sinto saudades de mim mesma... Da profundidade em que as palavras vinham, puras sem medo, sem responsabilidade. Escritos íntimos que não seriam divulgados. Palavras-sussurros, palavras-desabafos, palavras-solitárias, palavras-mudas.
Falta de si
Enquanto leio a pessoa que eu era, revendo arquivos do passado, sinto saudades de mim mesma...
Se fosse primeiro de abril
(escrito em 17/06/2004 - às 20h36min)
Se fosse primeiro de abril
Eu poderia falar a verdade e
dizer que menti.
Se fosse primeiro de abril,
Poderia dizer que te amo
E depois desmentir.
Se fosse primeiro de abril,
Poderia xingar quem quissesse,
E depois sorrir.
Mas não é primeiro de abril,
Então digo mentiras,
E não as sinto.
Mas não é primeiro de abril...
Então digo que não te amo
E minto.
Mas não é primeiro de abril,
Então não sei quem sou,
Coberta das máscaras que inventei
Para fingir que sou ninguém...
Coberta das máscaras que uso
Para esconder que sou alguém.
Coberta de máscaras
Porque não posso mentir e dizer quem sou
(fingindo que era mentira)
Quando, na verdade, tanta verdade me tira
Tudo que sou.
Aline Ahmad***
Se fosse primeiro de abril
Eu poderia falar a verdade e
dizer que menti.
Se fosse primeiro de abril,
Poderia dizer que te amo
E depois desmentir.
Se fosse primeiro de abril,
Poderia xingar quem quissesse,
E depois sorrir.
Mas não é primeiro de abril,
Então digo mentiras,
E não as sinto.
Mas não é primeiro de abril...
Então digo que não te amo
E minto.
Mas não é primeiro de abril,
Então não sei quem sou,
Coberta das máscaras que inventei
Para fingir que sou ninguém...
Coberta das máscaras que uso
Para esconder que sou alguém.
Coberta de máscaras
Porque não posso mentir e dizer quem sou
(fingindo que era mentira)
Quando, na verdade, tanta verdade me tira
Tudo que sou.
Aline Ahmad***
6 de abr. de 2009
William Shakespeare
Depois que inventaram celulares com câmera fotografo tudo que quero guardar: os livros que ainda não comprei porque nem li os que comprei, páginas ou frases desses livros, frases escritas em paredes, paisagens, etc. Alguns desses pensamentos já figuraram aqui no blog. Outros estarão aqui em breve.
Uma vez em uma loja, comprando presentes, observei que atrás do caixa havia uma placa de metal com algumas dizeres escritos. Decidi que aquela seria a primeira peça que eu gostaria de comprar para pendurar na parede de casa. Não da casa em que moro com os meus pais, mas do lar que pretendo construir em breve. Como é um projeto a longo prazo não comprei, entretanto a placa não ficou só na memória, virou foto.
Estava escrito:
"Há quem dia que todas as noites são de sonho
Mas há também quem garanta que nem todas
só as de verão.
No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si,
são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre,
em todos os lugares,
em todas as épocas do ano,
dormindo ou acordado."
(William Shakespeare)
Uma vez em uma loja, comprando presentes, observei que atrás do caixa havia uma placa de metal com algumas dizeres escritos. Decidi que aquela seria a primeira peça que eu gostaria de comprar para pendurar na parede de casa. Não da casa em que moro com os meus pais, mas do lar que pretendo construir em breve. Como é um projeto a longo prazo não comprei, entretanto a placa não ficou só na memória, virou foto.
Estava escrito:
"Há quem dia que todas as noites são de sonho
Mas há também quem garanta que nem todas
só as de verão.
No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si,
são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre,
em todos os lugares,
em todas as épocas do ano,
dormindo ou acordado."
(William Shakespeare)
Jorge Luis Borges
"Nada no mundo se constrói sobre a rochaa, é tudo sobre areia. Mas nosso dever é edificar sobre a areia como se rocha ela fosse."
(Jorge Luis Borges)
(Jorge Luis Borges)
5 de abr. de 2009
India.Arie
Minha irmã mais nova (Adelita Ahmad) tinha voltado da India havia pouco tempo. Em um passeio por uma loja de CDs ela achou sugestivo o nome India.Aire e o CD desta cantora passou a ser a trilha sonora do lar por um longo tempo.
Naquela época em uma sala de casa tínhamos acabado de comprar computadores novos que funcionavam em rede lado a lado. Lembro-me que por diversas vezes eu e minhas duas irmãs(Adelita e Andreza Ahmad) trocávamos mensagens de MSN uma com a outra por pura brincadeira. Foram dias de deslumbramento com a tecnologia, com a internet, com a comunicação instantânea via computador e um certo encantamento com os "brinquedos" novos da casa, embora nenhuma de nós fosse mais criança. Para quem estava acostumado a ter que disputar o uso de uma única máquina a oportunidade de ter a sua própria representou alguns momentos de paz familiar [risos] embalados pelas músicas de India.Aire.
Ouça aqui:
India Arie - Get It Together
Para assistir um vídeo clique aqui.
E agoro proponho uma brincadeira. Uma das minhas músicas preferidas só encontrei separadamente um cover instrumental e um cover da voz. Tente assistir a ambos juntos compassando a voz e o violão:
Por último não perca esse vídeo em que a cantora explora toda a sua personalidade musical e sensível interpretação.
Naquela época em uma sala de casa tínhamos acabado de comprar computadores novos que funcionavam em rede lado a lado. Lembro-me que por diversas vezes eu e minhas duas irmãs(Adelita e Andreza Ahmad) trocávamos mensagens de MSN uma com a outra por pura brincadeira. Foram dias de deslumbramento com a tecnologia, com a internet, com a comunicação instantânea via computador e um certo encantamento com os "brinquedos" novos da casa, embora nenhuma de nós fosse mais criança. Para quem estava acostumado a ter que disputar o uso de uma única máquina a oportunidade de ter a sua própria representou alguns momentos de paz familiar [risos] embalados pelas músicas de India.Aire.
Ouça aqui:
India Arie - Get It Together
Para assistir um vídeo clique aqui.
E agoro proponho uma brincadeira. Uma das minhas músicas preferidas só encontrei separadamente um cover instrumental e um cover da voz. Tente assistir a ambos juntos compassando a voz e o violão:
Por último não perca esse vídeo em que a cantora explora toda a sua personalidade musical e sensível interpretação.
4 de abr. de 2009
Autora
Vou escrever um livro de páginas invisíveis.
Como trilha sonora: meu coração.
Vou colocar alguns trechos em negrito,
E a capa do livro será uma canção.
Vou fazer jogos com as palavras,
Construir diálogos inaudíveis.
Vou apagar destinos e páginas raras,
O canto dos hinos, as superfícies claras.
Vou pretender ser autora,
Sendo também personagem.
Vou pretender que não morra,
O invisível contido na imagem.
Sei que é possível que exista,
Um propósito maior para tudo que escrevo.
Sei que há uma lógica moralista
E uma liberdade acorrentada à tudo que devo.
No entanto está tudo invisível:
Eu, a autora, a personagem e o livro...
Aline Ahmad***
esrito em 20/09/2004 – 7h59min
Como trilha sonora: meu coração.
Vou colocar alguns trechos em negrito,
E a capa do livro será uma canção.
Vou fazer jogos com as palavras,
Construir diálogos inaudíveis.
Vou apagar destinos e páginas raras,
O canto dos hinos, as superfícies claras.
Vou pretender ser autora,
Sendo também personagem.
Vou pretender que não morra,
O invisível contido na imagem.
Sei que é possível que exista,
Um propósito maior para tudo que escrevo.
Sei que há uma lógica moralista
E uma liberdade acorrentada à tudo que devo.
No entanto está tudo invisível:
Eu, a autora, a personagem e o livro...
Aline Ahmad***
esrito em 20/09/2004 – 7h59min
Saudades
Hoje passei muito tempo lendo meus escritos antigos, encontrei preciosidades de histórias que vivenciei. É bom recordar e sentir reacender no peito emoções vividas.
Compartilho com vocês este texto escrito às 15h58min em 26/03/2005 para alguém que conheci na adolescência e reencontrei na idade adulta. Ele foi o co-autor do meu primeiro beijo [risos].
Saudades
Saudades quando só a sua ausência se faz presente,
Quando só o seu vazio não se preenche
Sem lágrimas, mas com tristezas que sorriem calmas,
(porque conhecem o destino que desconheço)
fico a esperar conhecer com os olhos do corpo
o que na vida só se mostra para os olhos da alma:
O futuro!
Será o futuro também uma ausência sua?
Será o futuro a sua presença pura?
Será ao meu lado o seu destino e seu fim?
Como se o tempo e espaço pudessem tirá-lo de mim...
(Concluo o que você escreveu em outra ocasião, com outras palavras)
De nós, ninguém,
É capaz de oferecer
Ao outro o próprio ser.
Porque de nós, ninguém,
É capaz de receber,
Do outro aquilo que já tem.
Não importa o que aconteça
Apenas alguns dias de sonho que vivemos, é suficiente para iluminar uma vida toda de realidade!
Obrigada por ter me inspirado tanto a viver e sonhar,
Obrigada por me encorajar a ser uma grande mulher!
Obrigada porque você foi o primeiro a notar
Que um coração adormecia no íntimo de uma menina
E você o acordou, cantou a ele sua melhor cantiga, em cartas,
E enquanto ele dormia novamente você se foi...
E ela esperou, de olhos marejados e coração acordado por noites a fio.
Até que em um amanhecer, ele voltou.
Ela não sabia se era para sempre
(e talvez nem a tivesse deixado
pois suas palavras estavam sempre lá...)
E foi suficiente que sonhasse
que ele um dia a enlaçasse
para quem sabe ela viver livre do amor ao qual sempre, sem saber, estivera presa
e, então, laçada a ele, ela descobrira a liberdade de voar sem precisar voltar ou esperar que voltasse.
Voavam juntos,
e ser livre era estar livremente abraçada às asas dele
Mesmo que não voassem pelos mesmos céus,
Ainda que as direções fossem opostas
Porque em seu seio a falta dele...
Era como se ele próprio estivesse presente,
cada vez que abrisse os olhos do sonho.
Ele também não sentia o vazio,
Porque estava preenchido pela paixão
Que a existência dela em sua vida despertava por tudo ao redor.
Então se tornava possível contemplar outro Sol,
Ou glorificar outro pássaro,
Porque poderiam encontrar um ao outro, cada vez que abrissem os olhos do sonho,
Mesmo que tudo que vissem fosse a realidade.
Como é bela a liberdade do amor!
Tudo que ama morre
Quando escolhe não morrer de amor
Tudo que ama vive
Quando escolhe viver por amor
Tudo que ama voa
Quando voa junto.
(mesmo que os céus não sejam os mesmos)
Ainda que unidos não tenham um ao outro por perto
(Como dois peregrinos ao buscar um oásis no deserto,
Que vêem a miragem de água se desfazer ao toque
Sabendo que o oásis ainda brilha na imagem sonhada
Que pode ser vista cada vez que se descerra os olhos da realidade).
Então era obra do destino
que estivessem atados
Por um fio invisível e fino
Que nem o tempo nem a distância conseguiriam desatar
E por não temerem o futuro,
Vendo que tudo que tinham era o presente
Embrulhado em fitas, com laços de sentimento e memória,
Não entregaria a ela tudo que sente,
Entretanto escreveria com ela a sua história.
Em letras douradas,
Enquanto chovesse uma tempestade qualquer
Afinal a menina que beijara em um passado remoto
Teria se tornado sua mulher!
A chuva poderia apagar o que estava escrito
Mas não limparia uma gota do que tiveram vivido juntos,
Ainda que parecessem separados por tanto tempo...
Aline Ahmad***
(15:58 – 26/03/2005)
Compartilho com vocês este texto escrito às 15h58min em 26/03/2005 para alguém que conheci na adolescência e reencontrei na idade adulta. Ele foi o co-autor do meu primeiro beijo [risos].
Saudades
Saudades quando só a sua ausência se faz presente,
Quando só o seu vazio não se preenche
Sem lágrimas, mas com tristezas que sorriem calmas,
(porque conhecem o destino que desconheço)
fico a esperar conhecer com os olhos do corpo
o que na vida só se mostra para os olhos da alma:
O futuro!
Será o futuro também uma ausência sua?
Será o futuro a sua presença pura?
Será ao meu lado o seu destino e seu fim?
Como se o tempo e espaço pudessem tirá-lo de mim...
(Concluo o que você escreveu em outra ocasião, com outras palavras)
De nós, ninguém,
É capaz de oferecer
Ao outro o próprio ser.
Porque de nós, ninguém,
É capaz de receber,
Do outro aquilo que já tem.
Não importa o que aconteça
Apenas alguns dias de sonho que vivemos, é suficiente para iluminar uma vida toda de realidade!
Obrigada por ter me inspirado tanto a viver e sonhar,
Obrigada por me encorajar a ser uma grande mulher!
Obrigada porque você foi o primeiro a notar
Que um coração adormecia no íntimo de uma menina
E você o acordou, cantou a ele sua melhor cantiga, em cartas,
E enquanto ele dormia novamente você se foi...
E ela esperou, de olhos marejados e coração acordado por noites a fio.
Até que em um amanhecer, ele voltou.
Ela não sabia se era para sempre
(e talvez nem a tivesse deixado
pois suas palavras estavam sempre lá...)
E foi suficiente que sonhasse
que ele um dia a enlaçasse
para quem sabe ela viver livre do amor ao qual sempre, sem saber, estivera presa
e, então, laçada a ele, ela descobrira a liberdade de voar sem precisar voltar ou esperar que voltasse.
Voavam juntos,
e ser livre era estar livremente abraçada às asas dele
Mesmo que não voassem pelos mesmos céus,
Ainda que as direções fossem opostas
Porque em seu seio a falta dele...
Era como se ele próprio estivesse presente,
cada vez que abrisse os olhos do sonho.
Ele também não sentia o vazio,
Porque estava preenchido pela paixão
Que a existência dela em sua vida despertava por tudo ao redor.
Então se tornava possível contemplar outro Sol,
Ou glorificar outro pássaro,
Porque poderiam encontrar um ao outro, cada vez que abrissem os olhos do sonho,
Mesmo que tudo que vissem fosse a realidade.
Como é bela a liberdade do amor!
Tudo que ama morre
Quando escolhe não morrer de amor
Tudo que ama vive
Quando escolhe viver por amor
Tudo que ama voa
Quando voa junto.
(mesmo que os céus não sejam os mesmos)
Ainda que unidos não tenham um ao outro por perto
(Como dois peregrinos ao buscar um oásis no deserto,
Que vêem a miragem de água se desfazer ao toque
Sabendo que o oásis ainda brilha na imagem sonhada
Que pode ser vista cada vez que se descerra os olhos da realidade).
Então era obra do destino
que estivessem atados
Por um fio invisível e fino
Que nem o tempo nem a distância conseguiriam desatar
E por não temerem o futuro,
Vendo que tudo que tinham era o presente
Embrulhado em fitas, com laços de sentimento e memória,
Não entregaria a ela tudo que sente,
Entretanto escreveria com ela a sua história.
Em letras douradas,
Enquanto chovesse uma tempestade qualquer
Afinal a menina que beijara em um passado remoto
Teria se tornado sua mulher!
A chuva poderia apagar o que estava escrito
Mas não limparia uma gota do que tiveram vivido juntos,
Ainda que parecessem separados por tanto tempo...
Aline Ahmad***
(15:58 – 26/03/2005)
3 de abr. de 2009
Segredos
Tenho um balaio de segredos
Com palavras ilegíveis
Que se desvendam com beijos.
Tenho enigmas indecifráveis
Arrancados do fundo do peito
E pétalas de desejos
Que não se dissipam ao vento
Tenho perguntas com respostas trocadas
E um baralho de sentimentos
Que não se descartam
Porém se misturam.
Tenho consequências do futuro
Que renascem no presente
A semente enraizada do ontem.
Desvincilho-me das decisões
Das definições [im]precisas
E deixo-me levar pelos segredos que não conto
[Nem sequer a mim mesma]
Significados não são importantes.
As palavras soltas são símbolos
Que só revelam poesia.
No esconderijo da arte
Moram as reais intenções
Cuja as quais só os poetas conhecem.
Com o pretexto do artístico
Repousam as reais histórias.
Perderão-se no tempo,
Adormecidas na memória.
Com palavras ilegíveis
Que se desvendam com beijos.
Tenho enigmas indecifráveis
Arrancados do fundo do peito
E pétalas de desejos
Que não se dissipam ao vento
Tenho perguntas com respostas trocadas
E um baralho de sentimentos
Que não se descartam
Porém se misturam.
Tenho consequências do futuro
Que renascem no presente
A semente enraizada do ontem.
Desvincilho-me das decisões
Das definições [im]precisas
E deixo-me levar pelos segredos que não conto
[Nem sequer a mim mesma]
Significados não são importantes.
As palavras soltas são símbolos
Que só revelam poesia.
No esconderijo da arte
Moram as reais intenções
Cuja as quais só os poetas conhecem.
Com o pretexto do artístico
Repousam as reais histórias.
Perderão-se no tempo,
Adormecidas na memória.
Segredo
Do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard:
"Não há nada em que paire tanta sedução e maldição como num segredo".
"Não há nada em que paire tanta sedução e maldição como num segredo".
Manoel de Barros
"O que não existe é mais bonito".
(Manoel de Barros)
Você também acredita? Deixe-me nos sinais de leitura(comentários) o que você acha belo e não existe.
(Manoel de Barros)
Você também acredita? Deixe-me nos sinais de leitura(comentários) o que você acha belo e não existe.
Fugit
Já fiz muitas promessas não cumpridas por aqui.`
É impressionante a vontade que tenho de escrever uma série de coisas e... Simplesmente acaba não acontecendo.
Queria contar sobre a viagem da minha irmã, sobre a ausência dela.
Queria contar sobre a exposição que ilustrou a vida de Einstein.
Queria contar sobre palestras, a minha recente viagem a Buenos Aires...
Mas o que mais queria contar são palavras fugidias.
Entretanto são palavras inconstantes que tem se tornado mais permanentes.
Algumas palavras tem ficado comigo. Há impedimentos para dize-las...
O mundo nos exige satisfações a dar. Até sobre o que não existe.
É impressionante a vontade que tenho de escrever uma série de coisas e... Simplesmente acaba não acontecendo.
Queria contar sobre a viagem da minha irmã, sobre a ausência dela.
Queria contar sobre a exposição que ilustrou a vida de Einstein.
Queria contar sobre palestras, a minha recente viagem a Buenos Aires...
Mas o que mais queria contar são palavras fugidias.
Entretanto são palavras inconstantes que tem se tornado mais permanentes.
Algumas palavras tem ficado comigo. Há impedimentos para dize-las...
O mundo nos exige satisfações a dar. Até sobre o que não existe.
2 de abr. de 2009
Regras
Recebi de minha irmã (Andreza Ahmad) um link que quis reproduzir aqui:
Os homens deixaram de abrir as portas dos carros para as mulheres, assim como deixaram de levantar cada vez que uma delas sai da mesa. Com o passar do tempo, as rígidas regras de etiqueta se tornam mais flexíveis, até que em um dado momento, “boom”, ela se rompem. Um desses “momentos” aconteceu ontem, no encontro da Rainha da Inglaterra com a Primeira Dama dos Estados Unidos. Ainda mais sério do que uma regra de etiqueta, Michelle quebrou um protocolo real. Durante a recepção dos líderes do G20 que aconteceu no Palácio de Buckingham, Michelle passou o braço por trás da Rainha, e para surpresa geral, Elizabeth aceitou o movimento e o retribuiu. A mídia britânica chama o gesto de “extraordinary scene”, já que qualquer toque é contra os protocolos seguidos a risca por ela nos últimos 57 anos.
1 de abr. de 2009
Assim como nos sonhos
Na poesia, assim como nos sonhos, tudo tem um significado.
Nem sempre os poetas sabem dizer qual.
Nem sempre os poetas sabem dizer qual.
Pedro Bial e Fernando Pessoa
Como sempre Pedro Bial inundou a TV ontem com suas palavras essenciais na eliminação de Flávio.(Como eu invejo esse a habilidade que ele tem com a escrita!)
Perdi a citação exata, era de Fernando Pessoa, a frase dizia algo parecido com "para ser feliz é melhor não sabê-lo".
Para ler outras citações clique aqui.
Assista o restante do discurso do jornalista:
Perdi a citação exata, era de Fernando Pessoa, a frase dizia algo parecido com "para ser feliz é melhor não sabê-lo".
Para ler outras citações clique aqui.
Assista o restante do discurso do jornalista:
Fala sério!
"Menina, nem te conto..."
Será que vão dizer?
Hoje é dia da mentira. Que mentira vou contar!?
(Até os gênios tem seus dias de travessura... risos)
P.S.: Apenas uma alusão a minha genialidade.[risos] Claro que é só uma piada.
Será que vão dizer?
Hoje é dia da mentira. Que mentira vou contar!?
(Até os gênios tem seus dias de travessura... risos)
P.S.: Apenas uma alusão a minha genialidade.[risos] Claro que é só uma piada.
Volta
Sou muito grudada com minha irmã do meio (Andreza Ahmad) e já fazia mais de 20 dias que ela estava fora do país. Chegou hoje (31/03)! (depois escrevo mais...)
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