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6 de jun. de 2008

Poesia falada

Estou aqui, treinando, repetindo várias vezes um poema de Fernando Pessoa, no heterônimo Alberto Caeiro. É o fragmento II de "O guardador de rebanhos":


O meu olhar é nítido como um girassol,
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e a esquerda
E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei Ter o pasmo essencial que tem uma criança
Se ao nascer, reparasse que nasceras deveras...

Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo

Creio no mundo como um malmequer
Porque o vejo, mas não penso nele
Porque pensar é não compreender

O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
Se falo na natureza não é saiba o que ela é,
Mas porque a amo, amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama.
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência
E a única inocência é não pensar.

Até amanhã ele tem que estar na ponta da língua! Para a minha aula de poesia falada, com Elisa Lucinda.

Um comentário:

RENATA CORDEIRO disse...

Esse poema do Caeiro é muito bonito, podemos dizer que ele é o heterônimo mais racional, mas eu ainda prefiro o Álvaros de Campos, o mais dionisíaco.Amiga, preciso de um favorDesculpe-me fazê-lo ir ao meu blog tão rápido de novo, mas a USP resoveu publicar esses trabalhos que faço aqui no blog e para isso eu preciso dos comentários.
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um abraço,
RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO
PS: E traga o texto das uvas!

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