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6 de jul. de 2009

Primeira vez

Como diria a Rosana Hermann "nao sou tao desconhecida que possa ser considerada uma anonima, mas tambem nao sou tao famosa que possa ser considerada uma celebridade".

O ruim de nao ser tao anonima e' que ja tem gente olhando e julgando, o bom de nao ser celebridade e' que esta ainda suportavel ser julgada, muito do que dizem sobre mim nem chega aos meus ouvidos. Deixem as pessoas pensarem o que quiserem que eu nao me importo. Mentira, eu me importo, alias e' por isso que fiz esse preambulo.

La vai! Semana passada foi a primeira vez que andei de onibus sozinha, na vida. (Espero que nao seja pecado!)

No Brasil eu nao costumo andar de onibus. As poucas vezes que peguei um foi em companhia de amigas descoladas que estavam acostumadas e me davam seguranca de nao fazer nada errado e nao me perder em rotas sem saber chegar ao destino desejado. So que aqui teve um agravante, alem de ser um pouco diferente a sistematica de funcionamento do onibus (nao tem cobrador, por exemplo) eu nao domino a lingua e pouco sei me localizar. Em Sao Paulo e' uma delicia. Eu conheco quase todas as regioes, e nas que conheco e frequento eu me localizo tao bem que posso inventar caminhos alternativos para desviar do transito sem me perder e criar no minimo tres rotas imaginarias diferentes para chegar no mesmo destino. Entretanto so sei fazer isso de carro. Nao tenho carro aqui, eu estava me locomovendo a pe ou pegando carona. Foi uma "mini-aventura" pegar um onibus, descer na parada certa, pegar o onibus certo da volta, no ponto certo, tudo muito simples, mas por ser inedito me deu um friozinho na barriga. Eu me senti quase como as senhorinhas desta materia. Ao aprenderem a andar de bicicleta depois dos 60, algumas com 70 e uma de 81 anos. Todas uma licao de vida! Pois aprendi a andar de onibus no estrangeiro, com 30 anos. Nao chego a ser uma licao de vida mas tambem nao deixo de me orgulhar pela bobagem de fazer algo que todo mundo faz, que e' simples e necessario para muita gente, so que eu ainda nao tinha feito. Tenho me conectado a prazeres simples, de gente simples, que me fazem ser mais humana e menos alienada. Aindo vivo em um mundo de privilegios. O simples fato de poder escrever o que penso e usar ferramentas que adquiri pela vida denuncia que tive tempo para ler, para estudar, que tive cuidado, carinho, respeito... Contudo e' tambem o desafiador, o complicado, o dificil que faz a vida girar. Niguem voa sem se jogar no abismo. E' isso que eu desejo a todos que se jogam (o mesmo que desejo a mim, ainda que meu abismo nao pareca tao profundo aos olhos dos outros), desejo o voo!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Aline.
Te convido a viver uma aventura dentro de uma lata de sardinha que também não tem cobrador por 40 minutos, é o que levo da minha casa ao trabalho na ida e 40 na volta para ir a faculdade....eu ando na lata de sardinha 2 vezes no dia, 5 vezes por semana.
É maravilhoso, porque em nenhum outro lugar se sente tanto o calor humano. Abraço.

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