Eu não conhecia.
Ganhei da Paulah Gauss (vide Blog de Amigos, aqui ao lado) um livro dele.
André Gorz foi um revolucionário. Filósofo, anticapitalista, discípulo se Sartre, tornou-se um dos principais teóricos da Ecologia Política. Na época da repressão ter um livro de Gorz era considerado "delito especial" e merecia "pena especial". Um homem assim contradiz o estereótipo do romântico, sensível. Até porque são palavras para as quais muitos olham de forma depreciativa.
No final da vida ele escreveu seu último livro, um tratado apaixonado, uma história de amor, especificamente de seu amor pela esposa de 82 anos, Dorine.
Ler as primeiras páginas de "Carta a D." ( compre aqui: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/produto.dll/detalhe?pro_id=2226705&ID=C92EFE697D803060A03320000 )
foi tão arrebatador que me deixou em êxtase. Aqui transcrevo o primeiro páragrafo:
"Você está para fazer 82 anos. Encolheu 6 centímetros, não pesa mais do que 45 kg e continua bela, graciosa e desejável. Já faz 58 anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu paito um vazio devorador que somente o calos do seu corpo contra o meu é capaz de preencher".
[Digitei o texto e fui ficando extremamente emocionada. Meus olhos se encheram de lágrmas. Costumo dizer que tem determinadas coisas que uma pessoa que não sente jamais conseguirá pensar, sentir ou escrever. Não há como fingir um sentimento assim. Não é apenas literatura].
Em 24 de setembro de 2007 os familiares de Gorz informaram que o casal havia cometido um duplo suicídio. Os corpos foram encontrados como se estivessem dormindo lado a lado. Vejam matéria: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u330975.shtml
Dorine sofria de uma grave doença degenerativa. Desde que soube Gorz dedicou-se fielmente aos cuidados com a esposa. Até aprendeu a cozinhar. A forma com que cessaram sua vidas fica justificada pelas próprias palavras do filósofo. Não seria possível para ele viver um segundo sequer nesse mundo sem a presença e a companhia de sua amada.
Que cineasta poderia transformar esta história em filme?
Beijos de luz,
Aline***
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