Neste texto imaginei uma professora, uma mulher, apaixonada pelo que faz, sem o compromisso de crescer além da própria sala de aula. Que se contenta em ser notável para aquela classe de alunos e que sabe que mudará o mundo, ainda que mudando apenas aqueles poucos que passarem por ela. Porque quem muda o mínimo que seja, mudou o mundo. O mundo não é o mesmo quando algo mudou, ainda que minimamente.
Manisfesto de uma professora
Não chamem de batalha meu ofício
Não digam dele que há esforço
Pois o faço com tanta renúncia e com tanto amor
Que nem a mais bela das poesias
pode me trazer a mesma alegria
que encontro no trabalho.
Não façam dele um fardo,
Não queiram me dizer que sofro,
Porque amo.
Quem ama não lamenta,
Não abaixa a cabeça diante do destino.
Não se arrepende do feito de amor
E quer fazer outro, e outro e outro.
Não me incluam nesses sem coragem,
Nesses fracos e oprimidos
Porque temo me tornar assim em um futuro próximo,
Se o continuarem falando de mim.
Não me permitam fraquejar
Porque há sonho pendurado nas paredes da escola.
É muito fácil amar os despenteados,
os cabelos longos, arrepiados,
as tatuagens roxas que não deviam estar ali.
É muito fácil querer levá-los para casa,
dar banho, comida, ternura...
Ao invés disso os ensino a escrever
Na esperança de que possam
Escolher as letras e palavras certas
Para escreverem em linhas mais retas
A história de suas próprias vidas.
Aline Ahmad***
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