Eu devia ser mesmo psicóloga... De formação, pelo menos.
Adoro ouvir os outros e às vezes me falta ferramentas para ajudar...
Assim que cheguei em casa da caminhada vi uma vizinha com a filhinha no colo que será aluna do Progresso assim que as aulas voltarem na semana que vem. Eu e a mãe já tínhamos conversado sobre a educação da filha e fico com uma dor no peito com o sofrimento que deve ser criar um(a) filho(a) desejando sempre o melhor e se cobrando, e se culpando.
Hoje, da minha casa, eu já tinha ouvido o choro da criança e de novo ela chorou aos berros, sem motivo aparente. O coração da mãe se contorceu por dentro, era visível como se seu corpo fosse transperente. Pude ver a dor, a vergonha, a indecisão sobre o que fazer naquele momento e fiquei triste... Eu também não sabia como orientá-la, como ajudá-la. Não sou uma amiga que pode se intrometer "chutando", sou uma profissional. Serei a diretora da escola da criança na semana que vem. Como diretora não sou uma "especialista" na criação de filhos, mas modéstia a parte tenho alguma sensibilidade que acontece quase no instinto. Eu mesma nem percebo o que faço para solucionar meus problemas com as crianças. Sei que funciona, como já relatei aqui algumas vezes.
A menininha tinha gostado de mim. Percebi isso no início e foi o um dos momentos em que fiquei feliz com o encontro. Quando ela chorou instintivamente fiz o que costumo fazer na escola, sem pensar. Falei: "Ah, se está chorando é porque não gostou de mim. Então vou embora!"
Ela parou de chorar na hora e ficou me olhando ir embora (sempre falo de verdade com as crianças, quando digo que vou embora é porque vou mesmo). A mãe não entendeu, como acho que você que está lendo também ainda não entendeu. Ela quis que a criança pedisse desculpas mas fiz com a cabeça que ela podia ir embora também que não tinha problema. Na verdade era isso que queríamos fazer(nos despedir para entrarmos) quando a criança começou a chorar. Só quando entrei em casa tive o "click". Tinha feito algo que a mãe poderia repetir se quisesse. Algo que sempre faço e funciona. Quando a criança pequena grita e chora ela ainda não sabe expressar os próprios sentimentos, ela precisa da nossa ajuda para tanto. Além disso mesmo quando sabemos o que ela quer nem sempre coincide com o que podemos fazer no momento. Ela queria brincar comigo, entrar na minha casa. Eu até brincaria com ela prazer, mas a mãe parecia ter algum compromisso, ou ficou sem graça, não sei. A menina começou a gritar e chorar. Falei exatamente o contrário do que ela queria me dizer com aquele choro. Indiretamente quis ensinar a ela duas coisas:
1) Que quando chora e grita eu não a compreendo; e
2) Que eu respeito seu choro e me retiro quando não sou bem-vinda, se fosse o caso.
Faço isso na escola. Vou respeitando o tempo e o espaço da criança. Apesar de amar todas e desejar o abraço delas sempre, tenho um aluno de 4 anos que em 2 anos estudando lá só agora que começou a se familiarizar comigo. Se pudesse eu o teria obrigado a me dar carinho e atenção mas sempre me retirei quando ele quis. É claro que falo das crianças pequenas. É claro que também falo de minha atitude como pessoa que as ama. Como diretora há situações em que tenho que intervir de forma diferente mas confesso que nem me lembro quando aconteceu ou se aconteceu. As crianças sempre me permitem falar com elas quando realmente preciso, sempre me ouvem, me atendem e com isso me envaidecem. Desse jeito parece até que me comunico bem com elas. Só Deus sabe os anos de vida que isto me custou. Anos pagos na moeda do meu próprio coração, o seio do meu amor por elas.
2 comentários:
tenho uma menina chamada jaqueline,toda vez que a levo para escola ela crita e não quer ficar ja não sei oque fazer me ajude por fafor......
Silvana, da próxima vez deixe um e-mail para que eu possa entrar em contato e tentar ajudar de alguma forma.
Beijos de luz,
Aline***
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