Quando conhecemos a varanda da casa o sol estava se pondo no horizonte.
As matizes do crepúsculo são sempre as mais belas. É quando se despede que o sol nos mostra o seu esplendor. Assim acontece também na vida, mas como no crepúsculo nem todos sabem admirar o cessar da luz. Nem todos observam com admiração os olhos que se fecham para adormecer no sono eterno.
Ali, olhando o horizonte, senti que uma casa antes de nossa[minha e dele] deveria pertencer a outro alguém.
Ele mora em apartamento, a mãe sonha em ter quintal, largos ambientes, espaço para a churrasqueira.
"Imagine se pudesse dar uma casa assim para sua mãe!", falei.
Ele imaginou. Criou imagens. Concebeu a cena. Viu a alegria da mãe, o sorriso com olhos brilhando.
Quando fomos embora, depois de uma tarde de domingo com amigos ele me confidenciou:
"- Tem muitas coisas que faço em minha vida e que se não fizesse não me daria arrependimento. Mas tem uma coisa que eu posso me arrepender: não ter dado uma casa para minha mãe".
Vi sua expressão. Talvez decepcionado consigo. Balbuciei:
- Você ainda não pôde, mas é jovem, você ainda vai dar...
Continuou o raciocínio de algo que sentia intimamente e que falava para muito mais para si do que para mim:
"- Acho que deveria me concentrar mais nisso!"
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