Era março de 1996. Estava no shopping com minha família e minha prima. Eu tinha 17 anos e ela se queixou de uma dor de cabeça. Falou que estava com uma sensação ruim, um aperto no coração... O mal estar era tanto que paramos em uma farmácia para comprar um remédio. No dia seguinte acordo com seu telefonema aos prantos. Os Mamonas tinham morrido em um acidente de avião.
Não era só ela quem chorava, nem só nossa cidade, Guarulhos. A comoção era de todo um país apaixonado pela irreverência da banda Mamonas Assassinas.
O que me faz acreditar que o choro de minha prima era diferente é que ela chorava por Samuel, o baixista da banda. Eles estavam "ficando" fazia alguns meses. E aquela dor de cabeça do dia anterior teria sido um pressentimento?
Meses antes voltamos juntas de uma viagem e fomos direto para o Thomeuzão acompanhar o show dos Mamonas em Guarulhos. Lembro nitidamente da cena que passou no especial da Globo, ontem. O discurso de Dinho sentado na beira do palco foi tão emocionante que chorei naquela multidão enquanto ele confessava o sonho de tocar ali naquele ginásio cheio.
Saímos dali seguindo o carro dos bombeiros que os levaram embora. Lembro que fomos até a casa dos irmãos Samuel e Sérgio, eles eram uns amores com a gente. Dinho tinha uma luz especial, era lindo e parecia muito apaixonado por Valéria Zopello. Hoje me pergunto: que garoto de sucesso na idade dele se prenderia em um namoro naquele momento? Todas as vezes que o encontrei informalmente recebi pouca atenção. A correria era sempre grande, e eu era apenas mais uma entre tantas fãs. Dali eles saíram rápido em direção a outro show. E eu comemorava o sonho de estar ali tão próxima daqueles ícones. Eles não eram unanimidade mas a morte os fez virarem estrelas no céu. Todas as qualidades ficaram marcadas. Um fenômeno musical na velocidade de um cometa. Até hoje as crianças cantam suas músicas. Nem tinham nascido na data em que morrerram. Sinto orgulho dos poucos momentos em que estive próxima destes talentosos artistas. Saudades...
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