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11 de jul. de 2008

Samuel dos Mamonas - O romance que não houve

Apenas "ficar" ou "estar" com alguém aprisiona os sentimentos que querem voar.
Assim aconteceu. Minha prima nunca pôde se declarar a Samuel (dos Mamonas Assassinas, vide post abaixo). Eles ainda não tinham assumido um namoro.
Quando não há compromisso as duas partes temem magoar o outro lado. Se alguém estiver se entregando demais corre o risco de entregar-se sozinho, de se machucar. Quando o outro tem caráter e percebe que pode machucar alguém prefere se afastar, retirar-se. E pelo medo do outro se retirar o sentimento fica trancado, velado.
Samuel não podia corresponder a um namoro, um compromisso mais sério. Ele viajava o tempo todo fazendo shows pelo país. Se percebesse que a faria sofrer ele se retiraria. Então ela não podia dizer, não podia se declarar. Jamais diria "eu te amo", mesmo que se sentisse amando. Mas ele morreu e ela não disse...

No dia do velório, no mesmo ginásio onde acontecera aquele show marcante, na cidade de Guarulhos, minha prima correu para os braços de Valéria Zopello, namorada de Dinho. Encontrar alguém que sente uma dor parecida aconchega a nossa própria dor. Foi isso que tentou fazer. Como era doído perder um amor que nem sequer tinha se consumado. Não existia passado, o que morria era o possível futuro. Um romance que talvez teriam... Talvez.

- Eu não falei nada para ele! Nunca falei nada...
Valéria pediu para que falasse agora, ele iria ouvir:
- Estou falando também. Já falei muito para o Dinho, para que ele ouça. Fale agora!

Ela chorava desesperadamente. "Será que podia ouví-la?", pensava. Queria poder dizer a ele "eu te amo".

- Valéria, será que ele sabia?
- Claro que ele sabia, ele sabia.
- Dei um gato de presente. Acho que ele entendeu... Será Valéria?
- Ele sabia que você gostava dele.
- Mas eu queria falar...

E decorrerram muitas lágrimas, muita dor, muita saudade.
Por noites e noites minha prima só conseguiu dormir depois de chorar a morte daquele romance, daquele futuro que não houve e o arrependimento de jamais ter dito em palavras o que sentia.

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